Lição 4 – A história da Igreja até a Reforma Protestante
dia 28 de Abril de 2019
O tema da nossa lição é
muito atraente, envolvente e sem dúvida nos estimula a procurar trazer o
melhor, todavia é um assunto muito amplo para se ensinar em uma hora. O nosso
comentarista deixa bem claro que o objetivo é fazer uma explanação. Note na
síntese abaixo quantos pontos relevantes teríamos que abordar:
O período da igreja
antiga e medieval abrange os primeiros 1.500 anos da história cristã, desde a
era apostólica até a véspera da Reforma Protestante. Esse longo período inclui
importantes movimentos como a era dos pais da igreja, o monasticismo, as cruzadas, o escolasticismo e o renascimento. Dois grandes ramos do cristianismo
se destacam nestes séculos: a
Igreja Ortodoxa Grega
(Igreja Oriental) e a
Igreja Católica Romana (Igreja Ocidental). Entre seus grandes vultos
estão Irineu de Lião,
Tertuliano de Cartago,
Orígenes, Cipriano, Atanásio, Agostinho de Hipona, Gregório Magno, Anselmo de Cantuária, Tomás de Aquino e muitos
outros. ( cpaj.mackenzie.br/historia-da-igreja/igreja-antiga-e-medieval)
Portanto, estaremos
abordando somente alguns pontos importantes que o nosso comentarista já colocou
em evidencia na lição, desse período de 1500 anos (aproximadamente). Didaticamente
não seria viável tentar esgotar o tema...
Texto Áureo
“O Senhor tem estabelecido o seu trono
nos céus, e o seu reino domina sobre tudo." (Sl 103.19)
Verdade Aplicada
O estudo da história da Igreja
contribui para evitar os erros do passado, conhecer melhor a missão e cumprir
com fidelidade nossa tarefa.
Objetivos da Lição
1 - Explanar a história
da Igreja até a Reforma Protestante;
2 - Descrever os pontos
que fizeram a Igreja se desviar do seu propósito inicial;
3 - Explicar a importância da
Reforma para os nossos dias.
Hinos sugeridos
198 - O Bom Amigo
306 - A Palavra de Deus é um
Tesouro
581 - Castelo Forte
Daniel
2.19-22
19 - Então foi
revelado o segredo a Daniel numa visão de noite; então Daniel louvou a Deus do
céu.
20 - Falou
Daniel, e disse: Seja bendito o nome de Deus para todo o sempre, porque dele é
a sabedoria e a força;
21 - Ele muda os
tempos e as horas; ele remove reis e estabelece os reis; ele dá sabedoria aos
sábios e ciência aos entendidos.
22 - Ele revela
o profundo e o escondido; conhece o que está em trevas, e com ele mora a luz.
INTRODUÇÃO
A história da Igreja é repleta de
altos e baixos. Como participantes desta história, devemos deixar legado
para as gerações posteriores de compromisso e responsabilidade com a Palavra de
Deus.
1. A HISTÓRIA DA
IGREJA ATÉ CONSTANTINO
A história da Igreja não acaba no
livro de Atos dos Apóstolos. O próprio livro não termina com uma conclusão, pelo
contrário, deixa aberto a continuação da história da Igreja (At 28.31).
Obs. Nós somos a continuação
da história da igreja (sec. XXI)
1.1 O
Período da Perseguição.
Desde o período da Igreja Primitiva, o
povo de Deus passou por diversas perseguições (At 8.1-3). A própria igreja de
Esmirna é considerada como perseguida (At 2.10-11). Os primeiros três séculos
são caracterizados pela perseguição e martírio. Os cristãos eram perseguidos
por motivos: políticos
- era preciso escolher entre a lealdade a Cristo ou a César; religiosos - os romanos
exigiam dos cristãos a adoração aos deuses pagãos; sociais - muitos cristãos pertenciam às
classes mais pobres da sociedade e por isso eram vistos com desprezo pelos
líderes aristocráticos da sociedade; e econômicos - muitos fabricantes de ídolos se
opuseram ao cristianismo devido à adoração exclusiva a Cristo a à ausência de
imagens (At 19.24-26).
Jesus já havia alertado os
discípulos acerca da perseguição:
“Bem-aventurados
sois vós quando vos injuriarem, e perseguirem, e, mentindo, disserem todo o mal
contra vós, por minha causa” (Mt 5.11
Earle
E. Cairns escreveu sobre a perseguição da Igreja: “A perseguição aos cristãos
era eclesiástica e política. Durante os primórdios da Igreja em Jerusalém, os
judeus foram os perseguidores. Somente no governo de Nero (d.C.), as
perseguições partiram do estado romano. Estas perseguições foram locais e
esporádicas até 250 d.C., quando se tornaram gerais e violentas. “O rápido
avanço do cristianismo, mesmo durante os períodos de feroz perseguição, provou
que realmente o sangue dos mártires era a semente da Igreja” O Cristianismo através dos séculos – uma
história da Igreja cristã. Earle E. Cairns (Revista do professor)
Com os termos da Grande
Comissão a ecoar-lhes nos ouvidos, sabiam os santos apóstolos que a Igreja não
poderia circunscrever-se a Jerusalém (Mt 28.19,20). Mas quando sair à Judéia?
Quando alcançar Samaria? E quando atingir os mais distantes lugares da terra?
Estando ainda estas perguntas por se responder, eis que o martírio de Estêvão
precipita a dispersão da Igreja de Jerusalém.
Ao relatar o evento,
escreve Lucas: “Mas
os que andavam dispersos iam por toda parte anunciando a palavra”
(At 8.4). Por conseguinte, quando aqueles piedosos varões puseram-se a sepultar
o corpo de Estevão, não sabiam eles estarem, na verdade, semeando uma semente
que, de imediato, multiplicar-se-ia dentro e fora dos termos de Jacó. Não foi
exatamente isto o que ensinara o Senhor: “Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de
trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dá muito
fruto” (Jo 12.24). Mais tarde, confirmaria o doutíssimo
Tertuliano as palavras do Cristo: “O sangue dos mártires é a semente da
Igreja”. (Lições CPAD Jovens e Adultos » 2011 » 1º Trim.)
1.2 O
Período Apologético.
A Igreja sofreu muito com os ataques
externos do Império Romano. No entanto, um dos maiores desafios foram as
heresias que apareceram no seio da Igreja. Muitos falsos líderes tentaram
associar a filosofia grega
com a doutrina cristã,
criando heresias filosóficas
como o gnosticismo,
a qual a Igreja Primitiva já tinha combatido no período dos apóstolos Paulo (Cl
2.8) e João ((1Jo 2.22). Eles identificavam a matéria com o mal e somente
aquilo que era espiritual era bom, com isso negavam a encarnação e a divindade de Jesus, o Filho de Deus. Jesus é
uma das pessoas da Trindade. Somente através de Seu sacrifício encontramos o
caminho que nos leva a Deus, pois Ele é o caminho (Jo 14.6).
Somente o Cristianismo
vê pelos olhos da fé, através do testemunho das Escrituras, o Único Deus em
essência, que subsiste em três pessoas: Pai, Filho e Espirito Santo.
Apologético:
1. [Teologia]
Defesa argumentativa de que a fé pode ser comprovada pela razão;
2. [Por extensão] Defesa
persistente de alguma doutrina, pensamento, teoria ou ideia.
Apologética Cristã é
a ciência que defende a fé Cristã. Há muitos céticos que duvidam da existência
de Deus e/ou atacam a crença no Deus da Bíblia. Há muitos críticos que atacam a
inspiração e inerrância da Bíblia. Há muitos falsos professores que promovem
doutrinas falsas e negam as verdades básicas da fé Cristã. A missão
da apologética Cristã é combater esses movimentos e promover o Deus
Cristão e a verdade Cristã. (https://www.dicionarioinformal.com.br/apologético)
Gnosticismo. Os gnósticos deram muito
trabalho às igrejas dos tempos apostólicos. Seu pior período ocorreu em 135-160
d.C. Seus ensinamentos não passavam de enxertos das filosofias pagãs nas
doutrinas cristãs mais importantes. Eles negavam o cristianismo histórico,
afirmando que o Senhor Jesus jamais teve um corpo como o nosso. Segundo eles, o
corpo de Cristo existia apenas aparentemente.
A Bíblia é incisiva: “O
Verbo se fez carne” (Jo 1.14); “todo
o espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus” (1
Jo 4.3). É bom lembrar que os escritos de João são do final do primeiro século
e compostos na cidade de Éfeso, então capital da Ásia Menor, onde surgiu o
gnosticismo. (Lições CPAD Jovens e Adultos » 2008 » 1º Trim.)
1.3 Constantino.
Constantino foi um imperador romano
que unificou o império, até então dividido entre quatro outros. Ele estabeleceu
um edito que garantiu à Igreja a liberdade de culto. Com a igreja dividida, o
imperador presidiu um concílio (325 d.C) para resolver a controvérsia
apresentada por Ário (herege que afirmava que Jesus era uma criatura e
consequentemente não era Deus). A vitória da ortodoxia foi acachapante em
reconhecer o Cristo como pessoa da Trindade. Assim a história revela aspectos positivos e negativos nos vários eventos
que envolveram a Igreja. Se com
Constantino cessou a perseguição e os cristão passaram a serem beneficiados,
por outro lado a Igreja passou
a sofrer o manejo político por parte do imperador.
A era Constantino. Em 313, o imperador romano Constantino, depois de se tornar “cristão” de forma inusitada, decretou, no chamado Edito de Milão, a liberdade de culto, terminando por oficializar o cristianismo como uma religião estatal. Foi assim que se deu o espúrio e danoso casamento da Igreja com o Estado. Tanto é verdade que o primeiro Concílio da Igreja, ocorrido em 325, foi convocado por ele. (Lições CPAD Jovens » 2015 » 3º Trim.)
2. A IGREJA:
DO ESTADO IMPERIAL À IDADE MÉDIA
A Idade Média representa o esforço de
traduzir as experiências da Igreja no mundo do Império Romano para
o mundo germânico.
2.1 Fusão
entre Igreja e Estado.
Como enfatizado no tópico anterior, o
início do acordo entre Igreja e Estado se deu quando Constantino se tornou
governante único do mundo romano. A Igreja se livrava da perseguição, porém,
agora, estava sob controle do governo imperial romano. O governo, em troca de
privilégios, proteção e de ajuda que oferecia, achava-se no direito de
interferir em assuntos espirituais e teológicos.
Separação entre Estado e Igreja. A conscientização dos crentes a respeito da importância da participação política não significa a união entre o Estado e a Igreja. A propósito, o Senhor Jesus estabeleceu a clara separação entre esses dois ao ordenar: “Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” (Lc 20.25). As palavras do Mestre reforçam tanto a responsabilidade espiritual quanto social, enfatizando que Igreja e Estado possuem papéis bem distintos. A Igreja deve influenciar o governo, mas não pode confundir-se com ele. Quando o Estado tenta intervir na Igreja, ou vice-versa, os prejuízos são inevitáveis, com implicações que afetam a consistência doutrinária da cristandade. Foi o que ocorreu quando o imperador romano Constantino uniu a religião cristã com o Estado, incorporando elementos do paganismo. Por isso, a separação entre o Estado e a Igreja foi um ponto crucial defendido na Reforma Protestante. (Lições CPAD Jovens » 2015 » 2º Trim.)
2.2 A
Idade Média.
Com o crescente declínio do Império
Romano, com várias invasões por diferentes povos, gerando caos político e
social, surge um cenário favorável para o fortalecimento institucional da
Igreja. Esta nova era de domínio da Igreja é inaugurada com a escolha do monge
Gregório para ser o papa, que muito contribuiu para a ampliação do poder
pontifício e de grandes campanhas missionárias, visando a conversão ao
cristianismo de extensas regiões bárbaras, inclusive a Inglaterra. Neste
período surgem as primeiras universidades, a partir dos mosteiros, que
desempenhavam importante papel na preservação e difusão de conhecimentos.
Assim, a Igreja era a detentora do conhecimento, tendo em vista as invasões
bárbaras. A Igreja era o porto seguro do conhecimento, pois nela se encontrava
o conhecimento e a ciência. Mas, o verdadeiro conhecimento vem em ser um
verdadeiro discípulo de Jesus e fazer parte de Sua Igreja, conforme está
escrito em João 8.31-32.
Devemos ter sempre em
mente que a igreja, durante esse período que estamos considerando, tinha no seu
seio muita gente sem a conversão cristã; eram cristãos pagãos. Vejamos
resumidamente, as causas dessa situação alarmante. Uma delas foi a atitude dos imperadores romanos
que tornaram o cristianismo a religião da moda, cujo patrono era o
governo imperial e à qual aderiram grandes multidões[...].
E também, os métodos missionários
medievais tiveram como resultado a entrada para a igreja de multidão de germanos e de
outros povos que nunca experimentaram a conversão cristã. O mal se
agravou quando certos governos conquistadores passaram a obrigar os seus povos
a aceitar o cristianismo, prevalecia assim, na igreja grande massa de pagãos, imbuídos
das ideias pagãs a respeito da religião e da moral, gente que de cristão tinha
apenas o nome. (Nichols, Robert Hastings; História da igreja cristã 11ª Ed, São
Paulo, casa editora presbiteriana,2000)
Segundo o Pr. Elienai Cabral
(2013) a Igreja Romana, na Idade Média, onde uma elite (o clero) governa a
igreja e esta (os leigos) se torna refém daquela. É urgente resgatar o ideal da
Reforma Protestante, ou seja, a “doutrina do sacerdócio de todos os crentes”,
ou “Sacerdócio Universal”, reivindicada em 1 Pedro 2.9. Todos nós, obreiros ou
não, temos o livre acesso ao trono da Graça de Deus por Cristo Jesus. Não
tentemos costurar o véu que Deus rasgou!
2.3 Pré-reformadores.
Assim como a igreja de Tiatira (Ap
2.18-29), que se desviou da vontade de Deus e se prostituiu, a Igreja medieval foi seduzida
pelo poder e se distanciou da Palavra de Deus e dos ensinos bíblicos. O
papa se estabeleceu como grande imperador e a Igreja começou a monopolizar a fé. Grandes tributos eram recolhidos
pelo papa, o
cristianismo se transformou em uma religião litúrgica e as pessoas não tinham mais acesso às
Escrituras, somente o clero. Alguns homens se levantaram contra a Igreja medieval e contra o
papado, esses homens são chamados de Pré-reformadores, pois pregavam a autoridade da Bíblia e o
retorno ao ideal da Igreja Primitiva. Muitos deles morreram por esse ideal.
A IGREJA DE TIATIRA – (Tempo na história
600 a 1517 d.C.) – A igreja corrupta, papal.
Os Pré-reformadores sabiam do poder da Palavra. Eles lutaram pela tradução da Bíblia ao idioma no vernáculo deles. Sabiam que somente pelo conhecimento das Sagradas Escrituras o homem pode ter um encontro real com Deus através do Cristo ressuscitado. Esses homens (João Wycliffe (1325-1384), João Huss (1372-1415), entre outros) foram estigmatizados como hereges por colocarem na Bíblia o seu padrão de autoridade. Como se encontra o nosso compromisso com Deus através de Sua Palavra?
Estamos dispostos a
sermos fiéis até a morte (Ap 2.10)? (Revista do Professor).
O que dizer sobre
Catarina de Siena, Tereza Dávila — mulheres que denunciaram profeticamente a
corrupção de Roma —, e tanto outros gigantes da história que aprouve ao Senhor
nosso Deus levantá-los como verdadeiros profetas e profetisas?
À semelhança do Antigo
Testamento, o ministério dos profetas neotestamentários, e na história da
Igreja, sempre foi exercido nas raias da marginalização. Indo no caminho
contrário ao que foi institucionalizado como certo, quando na verdade estava
corrompido e longe dos desígnios de Deus. Foi assim no Antigo Testamento; assim
ocorreu em o Novo Testamento; e vem acontecendo ao longo da rica história
eclesiástica. Por que teria de ser diferente na contemporaneidade? (SUBSÍDIOS
ENSINADOR CRISTÃO, CPAD)
3. A REFORMA PROTESTANTE
A Igreja passou por diversas
transformações, mas nenhuma delas se iguala à Reforma Protestante. Quando tudo
parecia perdido, Deus levanta um homem para desestruturar o sistema
eclesiástico que se desviara de seu propósito inicial.
3.1
Lutero.
Martinho Lutero foi um monge
agostiniano, estudioso das Sagradas Escrituras, que, durante um momento de sua
vida, ao ler Romanos 1.17 “...Mas o Justo viverá pela fé”, foi impactado
pela Palavra, pois percebeu os erros que a Igreja Romana ensinava, à luz da
Palavra. A mensagem do Evangelho era o critério fundamental para compreensão do
cristianismo. Essa era a razão pela qual não se poderia aceitar a
infalibilidade papal, as indulgências, dentre outros erros doutrinários. Ele
afirmou que a Bíblia é a Palavra de Deus e por isso somente ela é infalível,
pois Deus não pode mentir (Tt 1.2). Aquilo que Ele prometeu, certamente vai
cumprir.
Se cumpriu
a profecia de João Huss: “Podem matar o ganso (na sua língua,
‘huss é ganso), mas daqui a cem anos, Deus suscitará um cisne que não poderão queimar”.
(Heróis da Fé, p.21).
Ao fim da Idade Média, os ideais humanistas valorizavam os direitos individuais do cidadão e isso despertou nos cristãos a necessidade de reformar a Igreja, especialmente, o Clero (sacerdotes). Os abusos de Roma e a venda das indulgências deflagraram a Reforma em 1517 na Alemanha. O Monge Agostiniano Martinho Lutero rompeu com o catolicismo romano. Foi a partir da Reforma que, paulatinamente, os conceitos de liberdade, de tolerância religiosa, de democracia e de separação entre Igreja e Estado foram alçados ao status de direitos fundamentais. A Palavra de Deus mostra que a ideia de Estado e Igreja não dará bons resultados (At 4.1-7). Por isso, o Estado não deve interferir na Igreja nem a Igreja no Estado. Todavia, o povo de Deus jamais deve faltar com a sua voz profética diante das injustiças e pecados sociais. (Lições CPAD Jovens e Adultos » 2018 » 2º Trim.)
O movimento luterano
espalhou-se como um forte reavivamento espiritual. [...]
Por sua grande doutrina
bíblica do sacerdócio de todos os cristãos, Lutero libertou os homens do temor,
libertos do medo, foram igualmente libertos do poder da igreja medieval e
conduzidos a uma religião mais sincera e profunda. Cada indivíduo, ensinava
ele, podia gozar de comunhão com Deus, pela fé sem intervenção do sacerdócio da
igreja. O homem podia confessar os seus pecados a Deus e dele receber perdão.
[...] Cada um podia andar corretamente com Deus, podia ser justificado por meio
da fé sem as exigências da igreja papal. Cada homem podia entender as escrituras
pela iluminação da fé, e por ela entender a vontade de Deus. (Nichols,
Robert Hastings; História da igreja cristã 11ª Ed, São Paulo, casa editora
presbiteriana, 2000)
3.2 O
Termo Protestante.
Em 31 de outubro de 1517, Lutero afixou
suas 95 teses na porta da igreja do castelo de Wittenberg, considerado marco
inicial da Reforma Protestante. Nelas condenava os abusos do sistema de
indulgências e desafiava a todos que tomassem conhecimento delas. Sua intensão,
era que a Igreja voltasse ao ideal proposto pelo Novo Testamento. A tradução da
Bíblia para o alemão e a impressão das teses divulgaram rapidamente suas
ideias. Muitos príncipes seguiram Lutero e em 1526 foi promulgado a autorização
de que cada governante do estado estaria livre para seguir a fé que sentisse
ser a correta. No entanto, em 1529, outra decisão revogou a anterior e obrigava
a todos a voltarem a ser católicos. Os príncipes seguidores de Lutero e
representantes de 14 cidades leram um "Protesto". A partir daí foram
chamados de "Protestantes", por seus opositores, pois os príncipes
protestaram contra o edito do imperador Carlos V, que procurava reprimir o
movimento da Reforma.
A Reforma se caracteriza especialmente pela luta contra as indulgências, que era uma forma de obter favores por parte de Deus. Foi nesta conjuntura que se retomou à teologia da graça, que é o favor imerecido de Deus por nós. Apesar de sermos santos e justos por meio de Cristo, o nosso relacionamento com Deus sempre é pautado na ação graciosa e misericordiosa por parte de Deus. Não somos merecedores, somos, sim, devedores a Deus e de uns aos outros. (Revista do professor)
3.3 As
Bases da Reforma Protestante.
Os reformadores protestantes tinham em
comum alguns fundamentos que a maioria das igrejas evangélicas trazem consigo
até hoje. Roger Olson afirme que três princípios protestantes da maior
importância são geralmente identificados como responsáveis por diferenciá-los
da igreja da Roma e de sua teologia oficial: "a salvação pela graça mediante a fé somente"
(Ef 2.5), "somente as
Escrituras" (as Escrituras acima de todas as demais autoridades da
fé e da prática cristã) e o sacerdócio
de todos os cristãos. Cada líder interpretava esses princípios à sua
própria maneira, mas todos os compartilhavam e se esforçavam para construir com
eles um novo alicerce para o cristianismo. Seu propósito comum era levar a
Igreja de Jesus Cristo de volta aos verdadeiros alicerces do Novo Testamento e
livrá-la de todos os falsos ensinos e práticas corruptas.
Martinho Lutero
(1483-1546) – Phillipp Melanchthon (1497-1560) – John Calvino (1509-1564) –
Martin Bucer (1491-1551) Ulrich Zwinglio (1484-1534)
Na Inglaterra. Um dos
dirigentes da Reforma foi William Tyndale. Traduziu a Bíblia para o Inglês a
partir das línguas originais. Foi martirizado em 1536.
OBS: O grande desejo de
Tyndale foi concretizado: “E acrescentou que se Deus lhe concedera vida, em
poucos anos faria com que até mesmo um simples menino que trabalhasse detrás de
um arado conheceria mais sobre as escrituras do que o próprio papa” (John FOX.
O livro dos mártires, tr.Marta Doreto de Andrade e Degmar Ribas Júnior).
Na Suíça: Ulrico Zwínglio.
(1484-1534) Educado por um professor que lhe ensinava que a morte de Cristo era
o único resgate. Combateu a “remissão de pecados” que era ensinada por meio de peregrinação
a um altar em Einsieldn. Seus escritos entraram até em um convento e as freiras
converteram-se. Saíram do convento, ao observar que a vida de celibato e
solidão era inútil. A Reforma prosseguiu com Calvino.
Na Dinamarca: Hans Tausen.
(1494 1561). Frederico I permitiu a Tausen fazer o mesmo trabalho que Lutero
fizera na Alemanha. Foi de especial ajuda pela publicação do Novo Testamento na
língua dinamarquesa. em 1529. A ação reformadora de Tausen foi também obtida
pelo apoio popular que estava inconformado com a corrupção do clero e a venda
das indulgências. Em 1530, foi elaborada a confissão de fé luterana.
Na Escócia. João Knox. (1505-1572) Devido
a sal ousadia em pregar o Evangelho foi preso em uma galé de escravos na França
durante dezenove meses. Em 1559, assumiu a direção do movimento reformador. Não
desistiu, embora sofresse a oposição da rainha Maria da Escócia.
Na Hungria. O responsável
foi Mateus Devay.
Na França. Jacques Lefevre
pregou e escreveu a doutrina da justificação da fé. Mais tarde, a França
sofreria grande massacre.
5 fundamentos da Reforma
Protestante:
OS CINCO SOLAS
Os Cinco Solas são cinco
frases latinas (ou slogans) que emergiram da Reforma Protestante, pretendia
resumir os princípios teológicos básicos dos Reformadores em contraste com
certos ensinamentos da Igreja Católica Romana da época. “Sola” significa
“sozinho” ou “somente” e as frases correspondentes são:
Sola Fide, somente pela
fé.
Sola Scriptura, somente
pelas Escrituras.
Solus Christus, somente
por Cristo.
Sola Gratia, só pela
graça.
Soli Deo Gloria, glória
somente a Deus.
Estas frases podem ser
encontradas individualmente expressas nos vários escritos dos reformadores do
século XVI, explicitamente ou implicitamente, mas não são apresentadas como uma
lista. É mais provável que a lista de Solas surgiu mais tarde.
Somente
pela Fé (Sola Fide)
A justificação é pela
graça somente, por meio da fé somente, por causa de Cristo somente. A justiça
de Cristo é imputada a nós como a única satisfação possível da perfeita justiça
de Deus. Nossa justificação não se baseia em nenhum mérito que se encontre em
nós, nem nos fundamentos de uma infusão da justiça de Cristo em nós, nem que
uma instituição que reivindica ser uma igreja que nega ou condena a sola fide
pode ser reconhecida como uma igreja legítima.
Somente
a Escritura (Sola Scriptura)
A Escritura inerrante (a
Bíblia) é a única fonte de revelação divina escrita, que por si só pode ligar a
consciência. A Bíblia sozinha ensina tudo o que é necessário para nossa
salvação do pecado e é o padrão pelo qual todo comportamento cristão deve ser
medido. É negado que qualquer credo, conselho ou indivíduo possa vincular a
consciência de um cristão, que o Espírito Santo fala independentemente ou
contrariamente ao que é estabelecido na Bíblia, ou que a experiência espiritual
pessoal pode sempre ser um veículo de revelação.
Somente
Cristo (Solus Christus)
Nossa salvação é
realizada pela obra mediadora do único Cristo histórico. Sua vida sem pecado e
expiação substitutiva são suficientes para nossa justificação e reconciliação
com o Pai. É negado que o evangelho seja pregado se a obra substitutiva de
Cristo não for declarada e a fé em Cristo e sua obra não for solicitada.
Somente
pela Graça (Sola Gratia)
Na salvação somos
resgatados da ira de Deus somente pela sua graça. É a obra sobrenatural do
Espírito Santo que nos leva a Cristo liberando-nos da nossa escravidão ao
pecado e elevando-nos da morte espiritual para a vida espiritual. É negado que
a salvação seja em qualquer sentido uma obra humana. Métodos humanos, técnicas
ou estratégias por si só não podem realizar essa transformação. A fé não é
produzida por nossa natureza humana não regenerada.
Somente
para Gloria de Deus (Soli Deo Gloria)
Afirma-se que, porque a
salvação é de Deus e foi realizada por Deus, é para a glória de Deus e que
devemos glorificá-lo sempre. Devemos viver nossas vidas inteiras diante do
rosto de Deus, sob a autoridade de Deus e somente para a sua glória. É negado
que possamos devidamente glorificar a Deus se nosso culto for confundido com
entretenimento, se negligenciarmos a Lei ou o Evangelho em nossa pregação, ou
se o auto aperfeiçoamento, a autoestima ou a autorrealização puderem se tornar
alternativas ao evangelho. (http://www.teologiasistematicabrasil.com/os-cinco-solas/)
CONCLUSÃO
Apesar de tantas ações pecaminosas dos
que se dizem membros da Igreja ao longo da história, nosso Senhor continua
trabalhando e guiando o Seu povo no cumprimento de Seus propósitos. Através de
erros e acertos, olhar para a história é aprender com nossos próprios erros de
tal forma que não venhamos a cometer os mesmos erros do passado.
QUESTIONÁRIO
1. Qual igreja é considerada como perseguida?
R.: Esmirna (Ap
2.10-11).
2. Por que muitos fabricantes de
ídolos se opuseram ao cristianismo?
R.: Devido à adoração
exclusiva a Cristo e à ausência de imagens (At 19.2).
3. Qual heresia a Igreja Primitiva já
tinha combatido no período dos apóstolos Paulo e João?
R.: O Gnosticismo (Cl
2.8; 1Jo 2.22).
4. Qual é o caminho que nos leva a Deus?
R.: Jesus O Caminho (Jo
14.6).
5. Qual passagem bíblica impactou a
vida de Lutero?
R.: Romanos 1.17 "O
justo viverá pela fé".
BIBLIOGRAFIA
[1] Bíblia de Estudo Cronológica Aplicação Pessoal - CPAD - ARC
Bíblia de estudo pentecostal, Almeida revista e corrigida, Rio de Janeiro, CPAD
Bíblia do Culto - Editora Betel
Revista EBD Betel Dominical Professor – 2º trimestre 2019, ano 29, número 111 - Editora Betel
Bíblia de estudo pentecostal, Almeida revista e corrigida, Rio de Janeiro, CPAD
Bíblia do Culto - Editora Betel
Revista EBD Betel Dominical Professor – 2º trimestre 2019, ano 29, número 111 - Editora Betel
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