“O APÓSTOLO PAULO E O ESPÍRITO SANTO”


LIÇÃO 08 – 25 DE NOVEMBRO DE 2012


TEXTO ÁUREO
“O qual nos fez também capazes de ser ministros dum Novo Testamento, não da letra, mas do Espírito; porque a letra mata, e o Espírito vivifica”. 2Co 3.6

VERDADE APLICADA
Paulo, como ministro de Cristo, deseja que seus leitores entendam a nova dispensação do Espírito que chega até os nossos dias.

Objetivos da Lição

1. Entender a dispensação do Espírito Santo demonstrada por Paulo;
2. Conhecer como podemos desfrutar de uma vida vitoriosa sobre o pecado através do Espírito;
3. Mostrar como podemos nos habilitar para o combate espiritual contra o reino das trevas. 

Textos de Referência

Ef 3.1         Por esta causa eu, Paulo, sou o prisioneiro de Jesus Cris­to por vós, os gentios;
Ef 3.2         Se é que tendes ouvido a dispensação da graça de Deus, que para convosco me foi dada;
Ef 3.3         Como me foi este mistério manifestado pela revelação, como antes um pouco vos escrevi;
Ef 3.4         Por isso, quando ledes, podeis perceber a minha com­preensão do mistério de Cristo,
Ef 3.5         O qual noutros séculos não foi manifestado aos filhos dos homens, como agora tem sido revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas;
Ef 3.6         A saber, que os gen­tios são co-herdeiros, e de um mesmo corpo, e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho;

GLOSSÁRIO
Inserção: fazer entrar;
Asseclas: os que seguem, ou fazer parte da comitiva de alguém;
Fragata: navio de guerra à vela

LEITURAS COMPLEMENTARES
  • Segunda feira: Is 63.10,11
  • Terça feira: Mt 1.18
  • Quarta feira: Mt 28.19
  • Quinta feira: Jo 1.33
  • Sexta feira: Jo 14.26
  • Sábado: At 1.2

INTRODUÇÃO
Não se sabe exatamente quando, mas se sabe que, após a conversão de Paulo, ele entendeu que se tratava de uma nova dispensação divina que estava presenciando. E, como tal, ele deveria pregar o evangelho ciente do agir de Deus, diferenciado para essa nova época, que se despontava no horizonte da história. Vejamos alguns principais ensinamentos de Paulo acerca do Espírito Santo nesta lição.

1. ANTIGA E NOVA ALIANÇA
Aos seus leitores de Corinto, Paulo se autodenomina como um dos ministros de Deus de uma Nova Aliança (2Co 3.6). Tal pensamento divide a história religiosa do ponto de vista de um judeu convertido em duas seções: Antiga e Nova Aliança. Foi dessa expressão de Paulo, que se nominou as duas grandes divisões principais da Bíblia de Antigo e Novo Testamento. Essa Nova Aliança é iniciada com a vinda de Jesus, mais especificamente depois de sua morte e ressurreição. Porém é o “Espírito do Deus vivente” que entra em cena atuando no interior dos crentes em Jesus, transformando-os positivamente.

1.1.           O Espírito como escritor (2Co 3.2-6)
2. Pelo contrário, a carta de Paulo é 1) personalizada – nossa carta; 2) permanente – escrita em nossos corações; 3) pública – conhecida e lida por todos os homens. 3. A autenticidade dos coríntios como a carta de Cristo foi autorizada 1) por seu ministério – produzida pelo nosso ministério; 2) por sua origem sobrenatural –  pelo Espírito do Deus vivente; 3) por seu testemunho interno – nas tábuas de carne, isto é, nos corações (cons. Jr. 24:7; 31:33; 32:39; Ez. 11:19; 36:26).
4. Esta confiança (pepoithesis; veja 1:15) é por Cristo. O uso do artigo definido antes de Cristo ("O Cristo"; isto é, "O Ungido") é bastante comum nesta epístola (1:5; 2:12, 14; 3:4; 4:4; 5:10, 14; 9:13; 10:1, 5, 14; 11:2, 3; 12:9). 
5. Nossa capacidade (hikanotes, significando, "aptidão, habilidade, qualificação" – Arndt) é de Deus. O de (ek) indica fonte (como em 4:7,18; Jo. 10:47; 18:36, 37; cons. I Co. 15:10).
6. O qual nos fez também capazes de ser ministros. A nova aliança; (cons. Mt. 26:28; Hb. 8:8, 13) exige um "novo homem" (Ef. 2:15; 4:24) que seja uma "nova criatura" (lI Co. 5:17). Esta pessoa regenerada tem um "novo nome" (Ap. 2:17), guarda um "novo mandamento" (I Jo. 2:7,8), canta uma "nova canção" (Ap. 14:3), espera um "novo céu e nova terra" (lI  Pe. 3:13; Ap. 21:1) onde a "nova Jerusalém" (Ap. 21:2) está e onde todas as coisas são "novas " (Ap. 21:5). 
O contraste entre a letra mata e o espírito vivifica não é um contraste entre o extremo literalismo e o livre manejo das Escrituras (como no método alegórico de interpretação); antes, o contraste é entre a Lei e um sistema de salvação que exige obediência perfeita (cons. Rm. 3:19,20; 7:1-14; 8:1-11; Gl. 3:1-14) e o Evangelho como o dom da graça de Deus em Cristo. Mesmo a Lei, entretanto, pode levar uma alma a Cristo (cons. Gl. 3:15-29; mas o judaísmo degenerado transformou-a em uma massa de formas sem vida (cons. Is. 1:10-20; Jr. 7:21-26). A nova era da "graça e verdade" (Jo. 1:17), já antecipada no V.T. (cons. Ez. 37:1-14; 47:1-12), agora está plenamente realizada na dinâmica dispensação da graça (cons. Jo. 4:23; 6:63; Rm. 2:28; 7:6). (Comentário Bíblico Moody – 2 Corintios)

1.2. O Espírito como ministro (2Co 3.8)
GLÓRIA DESVANECEDORA – GLÓRIA CRESCENTE (2 Co 3:7-11) Esse parágrafo é o cerne do capítulo e deve ser estudado em relação a Êxodo 34:29-35: Paulo não nega a glória da Lei da antiga aliança, pois certamente houve glória na transmissão da Lei e na observância dos cultos no tabernáculo e no templo. O que afirma, porém, é que a glória da nova aliança da graça é extremamente superior, e dá vários motivos para apoiar sua afirmação.
A glória da nova aliança representa vida espiritual, não morte (vv. 7, 8). Quando Moisés desceu do monte, depois de conversar com Deus, seu rosto resplandecia com a glória de Deus. Essa foi uma parte da glória revelada na transmissão da Lei, e certamente tal manifestação impressionou o povo. Em seguida, Paulo argumenta do menor para o maior: se houve glória na transmissão da Lei que trazia morte, quanto não deve haver em um ministério que traz vida Legalistas como os judaizantes gostam de engrandecer a glória da Lei e de minimizar suas limitações. Em sua epístola às igrejas da Galácia, Paulo ressalta as deficiências da Lei: ela não é capaz de justificar o pecador (GI 2:16), não tem poder de conceder oEspírito Santo (GI 3:2), de dar uma herança(GI 3:18), de dar vida (GI 3:21) nem de darliberdade (GI 4:8-10). A glória da Lei é, naverdade, a glória de um ministério de morte.

1.3. Transformados pelo Espírito (2Co 3.12-18)
OCULTAÇÃO – REVELAÇÃO (2 Co 3:12-18) A Bíblia é, basicamente, um "livro de ilustrações", pois emprega símbolos, símiles, metáforas e outros recursos literários para transmitir sua mensagem. Neste parágrafo, Paulo usa a experiência de Moisés e seu véu para ilustrar a liberdade gloriosa e a revelação da vida cristã sob a graça. Paulo vê na experiência de Moisés um significado espiritual mais profundo do que o que nós poderíamos ver ao ler Êxodo 34:29-35.
O acontecimento histórico (vv. 12, 13). Quando fazemos parte de um ministério de glória crescente, podemos ser ousados em nossas declarações, e Paulo não disfarça o seu destemor. Ao contrário de Moisés, Paulo não tem o que esconder.
Quando Moisés desceu do monte onde havia estado em comunhão íntima com Deus, seu rosto brilhava com um reflexo da glória divina. Enquanto Moisés falava com o povo, os israelitas podiam ver essa glória em seu rosto e se impressionavam com ela. No entanto, Moisés sabia que a glória desvaneceria, de modo que, ao terminar de instruir o povo, cobriu o rosto com um véu. Com isso, evitou que vissem a glória desaparecer, pois, afinal, quem deseja seguir um líder cuja glória está sumindo?
O termo traduzido por "terminação", em 2 Coríntios 3:13, tem dois sentidos: "propósito" e "final". O véu evitou que o povo visse o "final" da glória enquanto esta desvanecia. No entanto, também os impediu de entender o "propósito" por trás dessa glória desvanecedora. A Lei havia acabado de ser instituída, e o povo ainda não estava preparado para descobrir que esse sistema glorioso era apenas temporário. Ainda não lhes havia sido revelado que a Lei era uma preparação para algo maior.
A aplicação nacional (w. 14·17). Paulo nutria especial amor por Israel e um desejo ardente de ver a salvação de seu povo (Rm 9: 1-3). Por que o povo judeu rejeitou seu Cristo? Como missionário aos gentios, Paulo vira muitos gentios crerem no Senhor, mas os judeus - seu próprio povo - rejeitavam a verdade e perseguiam Paulo e a igreja.
O motivo dessa rejeição era a presença de um "véu espiritual" sobre a mente e o coração dos judeus. Seus "olhos espirituais" haviam sido cegados, de modo que, ao ler as Escrituras do Antigo Testamento, não conseguiam enxergar a verdade sobre seu Messias. Apesar de as Escrituras serem lidas sistematicamente nas sinagogas, o povo judeu não compreendia a mensagem espiritual que Deus havia lhes dado. A causa dessa cegueira era a própria religião judaica.
Existe alguma esperança para os filhos perdidos de Israel? Sem dúvida! "Quando, porém, algum deles se converte ao Senhor [crendo em Jesus Cristo], o véu lhe é retirado" (2 Co 3:16).
Em cada uma das três igrejas que pastoreei, tive a alegria de batizar judeus que creram em Jesus Cristo. É impressionante como a mente deles se abre para as Escrituras depois que nascem de novo. Um desses convertidos comentou comigo:
- É como se escamas tivessem sido removidas de meus olhos. Pergunto-me por que os outros não conseguem enxergar o que estou vendo agora!
O véu é removido pelo Espírito de Deus, e os que crêem recebem visão espiritual.
Nenhum pecador - seja ele judeu ou gentio - pode se entregar a Cristo sem o ministério do Espírito de Deus. "Ora, o Senhor é o Espírito" (2 Co 3: 17). Trata-se de uma declaração arrojada da divindade do Espírito Santo: ele é Deus. Os judaizantes que invadiram a igreja em Corinto dependiam da Lei para transformar a vida das pessoas, mas somente o Espírito de Deus tem o poder de realizar uma transformação espiritual. A Lei só traz escravidão, mas o Espírito nos dá uma vida de liberdade. "Porque não recebestes o espírito de escravidão, para viverdes, outra vez, atemorizados, mas recebestes o espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Aba, Pai" (Rm 8:15).
Como nação, o Israel de hoje é espiritualmente cego; mas isso não significa que judeus, como indivíduos, não possam ser salvos. A Igreja de hoje precisa recuperar seu senso de responsabilidade com os judeus. Somos devedores ao povo de Israel, pois por meio dele recebemos todas as nossas bênçãos espirituais. "Porque a salvação vem dos judeus" (Jo 4:22). A única maneira de "quitarmos" essa dívida é compartilhando o evangelho com esse povo e orando por sua salvação (Rm 10:1).
A aplicação pessoal (v. 18). "E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito." Este versículo é o ponto culminante do capítulo e apresenta uma verdade tão maravilhosa que me admira tantos cristãos não perceberem sua presença ou, simplesmente, não fazerem caso dela. Podemos compartilhar da imagem de Cristo e ser transformados, "de glória em glória", pelo ministério do Espírito de Deus!
Sob a antiga aliança, somente Moisés subiu ao monte e teve comunhão com Deus; mas sob a nova aliança, todos os cristãos têm o privilégio de desfrutar a comunhão com o Senhor. Por meio de Jesus Cristo, podemos entrar no santo dos santos (Hb 10:19, 20) - e nem precisamos escalar uma montanha!
O "espelho" é um símbolo da Palavra de Deus (Tg 1:22-25). Ao olhar para a Palavra de Deus e ver o Filho de Deus, o Espírito nos transforma à imagem de Deus. No entanto, é importante não esconder coisa alguma de Deus. É preciso ser abertos e honestos com ele sem "usar um véu".
O termo traduzido por transformados é o mesmo usado nos relatos da transfiguração de Cristo (Mt 17; Mc 9) e traduzido por transfigurado. Descreve uma mudança exterior resultante de um processo interior. A palavra metamorfose é uma transliteração desse termo grego. A metamorfose descreve o processo pelo qual um inseto passa do estágio de larva para pupa e, posteriormente, se transforma em inseto maduro. As mudanças ocorrem de dentro para fora.
Moisés refletia a glória de Deus, mas nós irradiamos essa glória. Quando meditamos sobre a Palavra de Deus e vemos dentro dela o Filho de Deus, somos transformados pelo Espírito! Tornamo-nos mais semelhantes ao Senhor Jesus Cristo à medida que crescemos "de glória em glória". Esse processo maravilhoso não pode ser realizado pela observância, mas a glória da graça de Deus continua a aumentar em nossa vida.
É importante lembrar que Paulo apresenta um contraste não apenas entre a antiga e a nova aliança, mas também entre o ministério da antiga aliança e o ministério da graça.
O objetivo do ministério da antiga aliança era obedecer a uma norma exterior, mas essa obediência não tem poder para mudar o caráter humano. O objetivo do ministério da nova aliança é nos tornar cada vez mais semelhantes a Jesus Cristo. A Lei pode nos levar a Cristo (GI 3:24), mas somente a graça pode nos tornar semelhantes a Cristo. Os pregadores e mestres legalistas levam os ouvintes a se conformar com certas normas, mas não têm poder de transformá-los à semelhança do Filho de Deus.
A Lei é o meio pelo qual se realiza o ministério da antiga aliança; o ministério da nova aliança, por sua vez, é realizado pelo Espírito de Deus, que usa a Palavra de Deus.
(Ao falar de "Lei", não nos referimos ao Antigo Testamento, mas sim a todo o sistema legal apresentando por Moisés. Sem dúvida, o Espírito pode usar tanto o Antigo quanto o Novo Testamento para nos revelar Jesus Cristo.) Uma vez que foi o Espírito Santo quem escreveu a Palavra, ele pode nos instruir a respeito dela. Além disso, o Espírito habita em nós e nos capacita a obedecermos à Palavra de todo coração. Não se trata de uma obediência legal motivada pelo medo, mas de uma obediência filial motivada pelo amor.
Por fim, o ministério da antiga aliança redunda em escravidão, enquanto o ministério da nova aliança redunda em liberdade no Espírito. O legalismo condena a pessoa à imaturidade eterna, e os imaturos precisam de regras e de regulamentos para viver (ver GI 4:1-7). Deus não deseja que seus filhos sejam obedientes por causa de um código exterior (a Lei), mas sim em função de seu caráter (que é interior). Os cristãos não vivem debaixo da Lei, mas isso não significa que não têm Lei alguma! O Espírito de Deus escreve a Palavra de Deus em nosso coração, e obedecemos ao Pai por causa da nova o legalismo continua a exercer sua atração sobre as pessoas. Vemos seitas que vão atrás de cristãos professos e de membros da igreja da mesma forma que os judaizantes do tempo de Paulo. Devemos aprender a reconhecer essas seitas e a rejeitar seus ensinamentos. No entanto, também há igrejas que
pregam o evangelho, mas que têm a tendência legalista de perpetuar a imaturidade de seus membros, condenando-os a viver sob a culpa e o medo. Congregações desse tipo gastam tempo demais se preocupando com tudo o que é exterior e deixam de tratar da vida interior. Exaltam as regras e condenam o pecado, mas deixam de engrandecer o Senhor Jesus Cristo. Infelizmente, ainda podemos ver o ministério do Antigo Testamento em algumas igrejas do Novo Testamento.
Em seguida, Paulo explica dois aspectos do próprio ministério: é triunfante (2 Co 1 - 2) e é glorioso (2 Co 3). As duas coisas andam juntas: "Pelo que, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos" (2 Co 4:1). Quando o ministério envolve a glória de Deus, não desistimos! (Comentário Bíblico Expositivo: Novo Testamento: volume 1/Warren W. Wiersbe)

2. ANDANDO NA CARNE OU NO ESPÍRITO
Aos seus leitores de Roma, Paulo ousadamente se inclui no rol dos carentes do agir sobrenatural do Espírito Santo. Ao tratar do relacionamento dos crentes com a Lei mosaica, a comunidade cristã romana mista de judeus e gentios, Paulo procura mostrar que, em Cristo, todos estão livres do conflito que a lei normalmente gera, como uma mulher que, agora viúva, fica livre para casar-se novamente sem impedimento algum. Semelhante ao tópico anterior, Paulo descreve a luta no interior para obedecer à lei, assim se considera um homem carnal, escravo do pecado, um miserável, mas que finalmente, descobriu uma maneira vitoriosa de viver através de Cristo e de acordo com o Espírito Santo (Rm 7.14,24,25).

2.1. A lei libertadora do Espírito (Rm 7.25; 8.2)
7.25. Graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor.
É admirável encontrar esta expressão de arrebatamento triunfante mal saído o apóstolo do seu brado de angústia: "quem me livrará?" Eis a ta, porém: "Somente Deus, mediante Jesus Cristo nosso Senhor! Graças sejam dadasaDeus!" (NEB). Exatamente como esta libertação do pecado em nós pode ser conseguida, descreve-se de modo mais completo no ca­pítulo 8. Por ora, depois de sua breve indicação de que a situação não é desesperada, Paulo faz um retrospecto para resumir o dilema ético de 7:14-24.
De maneira que eu, de mim mesmo, com a mente sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne da lei do pecado. Não há por que con­siderar esta sentença como fora de lugar. Moffatt a coloca como um parêntese depois do versículo 23, dizendo que "parece ser sua posição original e lógica antes do clímax do versículo 24" — transposição que C. H. Dodd afirma que é "seguramente correta". G. Zuntz acha que "pode ser um acréscimo feito pelo próprio Paulo ou um resumo acrescentado por algum dos primeiros leitores; em qualquer forma, sua posição atual é imprópria e sugere que uma nota marginal foi inserida no texto" (The Text of the Epistles, p. 16). Contudo, a passagem aparece na posição atual em nossas mais antigas autoridades; e é um procedimento precário reordenar as palavras de Paulo no interesse de uma seqüência mais har­moniosa e lógica.
"Eu mesmo" (AV), autos egõ, é expressão enfática: sou "eu por mim mesmo" (AA "eu, de mim mesmo") que experimento esta derrota e frustração, mas "eu", como cristão, não sou deixado entregue a "mim mesmo": "a lei do Espírito da vida em Cristo Jesus" veio habitar no meu ser interior, e Sua presença e poder fazem uma extraordinária diferença.
8.2. A lei do Espírito da vida em Cristo Jesus te livrou.
AV: "... me fez livre." Comparar com 2Coríntios3:17: "onde está o Espírito do Senhor aí há liberdade" e com Gálatas 5:13: "fostes cha­mados à liberdade". Neste passo, "Lei" provavelmente significa "prin­cípio" (ver p. 46). Ê a "lei do Espírito" em contraste com a "lei do pecado que está nos meus membros" (7s23); é a "lei da vida" em contras­te com a "lei da morte". Talvez seja melhor tomar os dois genitivos "do Espírito" e "da vida" como igualmente dependentes de "lei": a lei do Es­pírito e a lei da vida. O Espírito, "por Suas influências determinantes, produz ação dirigida sem o uso de nenhum código" ,15
à parte da menção antecipadora do Espírito em 5:5, onde se diz que Sua vinda inunda do amor de Deus os corações dos crentes (e da breve referência em 1:4 ao "espírito de santidade" em conexão com o fato de haver Cristo ressuscitado dos mortos), este é o primeiro lugar, nesta epís­tola, onde o Espírito de Deus penetra na argumentação. Não é acidental que, com Sua entrada, não se fale mais em fracasso. O conflito entre as duas naturezas prossegue, mas onde o Espírito Santo tem o domínio e a direção, a velha natureza é compelida a recuar.
A redação de AA ("te livrou"), em vez de "me fez livre" (AV), tem a seu favor umas 80 autoridades (inclusas as testemunhas orientais Aleph e B e a testemunha ocidental G), seguidas pelo texto de Nestle-Küpatrick. (NEB: "te libertou"). (Comentario Biblico - Romanos - Introdução e Comentário - F. F. Bruce)

2.2. A nova posição em Espírito: “Filhos de Deus” (Rm 8.12-17)
12. Os crentes estão no Espírito, e o Espírito habita neles. Através dEle receberão corpos glorificados. Estes fatos levara a uma certa conclusão. Assim, pois, irmãos, somos devedores, não à carne como se constrangidos a viver segundo a carne (veja Arndt, opheiletes, 2b, pág. 603). 
13. Presumindo que estão vivendo de acordo com a carne, Paulo diz aos seus leitores que vão morrer. Esta é uma morte espiritual. Mas presumindo que pelo Espírito condenam à morte os feitos maus (cons. Cl. 3:9) do corpo, viverão. Os dois "ses" em 8:13 presumem a realidade da coisa declarada. As conclusões seguem-se logicamente. Sua solenidade corresponde à seriedade da ação nas cláusulas com os "ses". Uma vez que a morte espiritual aqui foi encarada como o clímax – o banimento final da presença de Deus – a vida, à que se refere, deve ser a vida glorificada que está à espera do crente.
c) Orientação e Testemunho do Espírito. 8:14-17. 
14. Filhos de Deus são definidos como aqueles que são guiados pelo Espírito de Deus. O Espírito lidera. O verbo está no tempo presente e na voz passiva - todos os que são guiados (conf. Arndt, ago, 3, pág. 14).
15. As frases, espírito de escravidão e espírito de adoção são paralelas. Uma tradução melhor seria: O estado de espírito que pertence à escravidão e o estado de espírito que pertence à adoção. O resultado do primeiro é o medo; o resultado do outro é a capacidade de orar e dirigir-se a Deus como Pai. A palavra Aba é um termo aramaico colocado em letras gregas e transliterado para o português. Significa "Pai". A reunião de ambos, judeu e grego (gentios), em Cristo, vê-se nessas palavras introdutórias de vocativo em oração.
16. O Espírito Santo dá testemunho com o nosso espírito de que somos filhos de Deus. Isto significa na verdade que o Espírito dá testemunho com nosso ego (veja I Co. 16:18; Gl. 6:18; Fp. 4:23). Este testemunho relaciona-se a cada aspecto de nossa personalidade, que participa da estrutura de nosso ego. O testemunho do Espírito é para a pessoa. 
17. Observa-se que os crentes são herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo. Somos herdeiros de tudo que Deus tem para nos oferecer, o que significa que somos co-herdeiros em Cristo, a quem o Pai entregou todas as coisas. Mas, para sermos co-herdeiros com Cristo, significa que temos também de participar dos sofrimentos de Cristo. O tempo está no presente: se com ele sofremos. O sofrimento é o papel que Deus deu a Cristo para desempenhar (Lc. 24:26, 46; Atos 17:3; 26:23; Hb. 2:9, 10). É também uma experiência que Deus tem ordenado aos crentes em Cristo (Mt. 10:38; 16:24; 20:22; I Ts. 3:3; lI Ts. 1:4, 5; lI Co. 1:5; Cl. 1:24; II Tm. 3:12; I  Pe. 1:6; 4:12). Aqueles que são participantes com Cristo no sofrimento, também serão participantes da sua herança na glória (Rm. 8:17): A experiência do sofrimento precede a experiência da glória. (Comentário Bíblico moody – Romanos)

2.3. Ministérios do Espírito para hoje: “esperança e intercessão” (Rm 8.23-27)
23. Não apenas a criação, mas  também os crentes que têm  as primícias do Espírito gemem dentro de si mesmos. As primícias aqui podem ser as bênçãos e mudanças que o Espírito já tem produzido nas vidas dos crentes. Ou pode ser que o próprio Espírito seja considerado as primícias (cons. II Co. 1:22; Ef. 1:14). À luz do contexto, a primeira interpretação parece a melhor. Os gemidos do crente nada têm a ver com murmuração. Antes, é o suspirar de cada um em particular, por ter de viver em um mundo pecador. 
A adoção pela qual o crente espera refere-se à redenção do nosso corpo, sua libertação do pecado e da limitação, cuja pressão estamos constantemente sentindo, enquanto temos nossos corpos mortais.
24. Porque na esperança fomos salvos. A esperança para a qual Deus nos salvou é a libertação do corpo sob a pressão do pecado, e do estado de limitação mortal na qual aguardamos o dia quando, vestidos de imortalidade, veremos a Deus. O que é esperança? Paulo diz que é a confiante expectação das bênçãos prometidas, ainda não presentes, nem vistas. Esta esperança não é o desejo de ter alguma coisa boa demais para ser verdade e improvável de acontecer. O objeto ou a bênção esperada (aqui, a redenção do corpo) é real e distinto, mas ainda não presente. 
25. Mas, se esperamos o que não vemos, com (diá; veja Arndt, III, 1, c, pág, 179)  paciência (ou  fortitude)  o aguardamos. O corpo redimido será um corpo glorificado, livre de todo pecado. Com tal esperança diante dele, o crente aguarda sua realização com fortitude.
e) Ministério Intercessório do Espírito. 8:26, 27. 
26. Semelhantemente, o Espírito ajuda nossa fraqueza. A fraqueza mencionada é a nossa incapacidade de analisar situações e orar inteligentemente sobre elas. Sabemos que esta é a fraqueza mencionada por causa da frase seguinte. Dá-se que o Espírito intercede por nós sobremaneira com gemidos inexprimíveis (veja alaletos, Arndt, pág. 34). Às vezes não conseguimos orar porque as palavras não podem expressar a necessidade que sentimos. A ação do Espírito com gemidos inexprimíveis mostra como Deus penetra em nossa experiência através do Seu Espírito. 
27. Deus Pai que investiga os corações (dos homens) sabe qual é a mente do Espírito. Deus conhece toda a reação do Espírito a qualquer situação ou questão. A intercessão que Ele faz em favor dos santos é segundo a vontade de Deus. Estas palavras certamente declaram que a comunicação do pensamento e conhecimento de cada um é partilhada por dois membros da Divindade - Pai e Espírito (isto é, o Espírito Santo). (Comentário Bíblico moody – Romanos)

3. SUA GUERREANDO ATRAVÉS DO ESPÍRITO
Quer aceitemos ou não, estamos envolvidos na maior guerra cósmica da luz contra as trevas; do bem contra o mal. Ao entrarmos na fragata da salvação, estamos em guerra, não existe zona neutra, mas importa que aprendamos a guerrear segundo Deus.

3.1. Não entristeçais o Espírito (Ef 4.30)
4.3.6. Não entristecer o Espírito Santo — v. 30
"E não entristeçais o Espírito Santo de Deus". Essa expres­são não está separada do contexto doutrinário de Paulo. Não é uma frase isolada dentro do texto, mas está diretamente ligada às exortações do novo modus vivendi do homem que está em Cristo. A mentira (v. 25), a ira (v. 26), o furto (v. 28) e a palavra torpe (v. 29) são suficientes para entristecer o Espírito de Deus. Por que razão podemos entristecer o Espírito Santo? Em primei­ro lugar porque Ele habita no crente, e qualquer coisa que seja imprópria ao "novo homem" magoa o Espírito Santo. Qualquer ato físico que profane o nosso corpo, que é templo do Espírito Santo, pode entristecê-lo. Uma das razões por que não devemos entristecer o Espírito que habita em nós está na declaração do próprio texto, que diz: "... no qual estais selados para o dia da redenção". Este selo aqui é a marca de propriedade. É conheci­do e reconhecido pelas características próprias do senhor dessa propriedade, o qual é Cristo. Ninguém pode rasurar ou rasgar esse selo, que é a pessoa do Espírito Santo. Esse selo não é o batismo com o Espírito Santo, nem tampouco o batismo nas águas. Na verdade, esse selo indica o direito de posse de Cristo, para o qual estamos guardados (selados) para o dia da redenção, que é o da sua vinda.
Que tipo de redenção é essa? A redenção deve ser compreen­dida sob três etapas ou tempos distintos. A redenção no passado diz respeito à salvação recebida, isto é, redenção da pena do pecado. A redenção no presente tem um sentido dinâmico, pois ela é conquistada mediante a vitória do "novo homem" contra o poder do pecado que rodeia a vida do crente. A redenção no futuro, para a qual estamos selados, é a liberação total do corpo do pecado através da ressurreição do corpo corruptível num corpo incorruptível, bem como a transformação dos corpos dos crentes no arrebatamento da Igreja (1 Co 15.51-53).
Uma vez entendido o significado da redenção, sabemos que o Espírito Santo não deve ser entristecido, porque Ele opera em nós a vida espiritual. Há o perigo de perder-se o Espírito Santo para sempre com o chamado "pecado imperdo­ável". É o pecado consciente e espontâneo que uma pessoa comete contra o Espírito Santo. É o pecado da rejeição, ou o pecado que uma pessoa pode cometer ao atribuir ao Espírito Santo obras satânicas. (Comentário Bíblico - Efésios - Elienai Cabral)

3.2. Ante a embriaguez, enchei-vos do Espírito (Ef 5.18)
5.8.1.  O sentido duplo do vinho — v. 18
"E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda". Temos aqui uma proibição e uma causa. A Bíblia fala de vinho em três sentidos. Positivamente, o vinho pode ser uma bebida saudável, e, nas regiões vinículas, serve para alimentar e fortalecer fisicamente. Figuradamente, o vinho alegra, aformoseia o rosto. Negativamente, o vinho pode viciar a pessoa que o bebe e, assim, promover desor­dem moral e física. O deus do vinho era Baco. Havia em Éfeso um culto a ele, em que seus adoradores embriagavam-se e incorriam em atos de dissolução. A palavra "contenda" fica melhor traduzida por dissolução, que se entende por licenciosidade e desenfreio.

5.8.2. A razão para encher-se do Espírito — v. 18
"... mas enchei-vos do Espírito". Paulo apresenta uma fonte e uma causa de prazer muito mais forte e saudável que o encher-se de vinho. Ele apresenta um vinho superior, capaz de dar um tipo de alegria permanente, que é a alegria do Espírito. Os adeptos de Baco criam que esse falso deus podia encher-lhes de sua força e influên­cia. Por isso, Paulo lhes apresenta o Deus verdadeiro, o único Deus poderoso, capaz de encher-lhes de sabedoria e de toda a alegria. Alegria que jamais outro deus poderia dar-lhes. "Enchei-vos do Espírito" é um convite e uma ordem para os crentes efésios.

5.8.3. A ordem para encher-se do Espírito — v. 18
A ordem "enchei-vos" dá a idéia de um enchimento progressi­vo, isto é, ir enchendo até transbordar. Russel N. Champlin, em seu O Novo Testamento interpretado (vol. 4, pág. 625), diz: "Um indivíduo pode ter preferência ou pelo vinho ou pelo Espírito Santo, pois uma antítese está em foco aqui: o vinho degenera, o Espírito Santo eleva; o vinho conduz ao deboche, o Espírito Santo enobrece; o vinho nos toma bestiais, o Espírito Santo nos toma celestiais" (2 Co 3.18). (Comentário Bíblico - Efésios - Elienai Cabral)

3.3. Guerreando no Espírito: “Espada e oração” (Ef 6.17.18)
17. Tomai também o capacete da salvação. Novamente, o capacete que é a salvação. 
A espada do Espírito. Não o mesmo tipo de genitivo como o anterior; talvez um ablativo de fonte ou origem. Isto é, a espada fornecida pelo Espírito. Que é a palavra de Deus. A palavra de Deus é uma espada penetrante. Aqui foi usado hrêma, "palavra" com o significado de pronunciamento. Em passagem semelhante, em Hb. 4:12, foi usado  logos, "palavra" com o significado de conceito ou idéia. As Escrituras são ambos, hrêma e logos. Todas as partes da armadura mencionadas acima, até agora são partes defensivas. A espada do Espírito é a única arma ofensiva, além de defensiva.
18. Orando em todo tempo. A palavra de Deus deve sempre ser usada em conexão com a oração da fé (cons. I Ts. 5:17; Cl. 4:2). 
Oração e súplica. A primeira palavra é usada para orações em geral, e a última para pedidos. 
No Espírito. O mesmo Espírito Santo que brande a espada da Palavra, também deve estar ativo em nossos corações. 
Por todos os santos. Paulo não restringiria as orações deles especificamente a seu favor, embora mencione a sua pessoa no versículo seguinte.  (Comentário Bíblico Moody – Efésios )

CONCLUSÃO
O Espírito Santo é quem cuida de fazer a nossa inserção no Reino de Deus, convencendo-nos das nossas injustiças e conduzindo-nos a Cristo Jesus para receber sua justiça. Que faz parte da proposta divina através da Nova Aliança, que nos faz triunfar em Cristo, com seu bom cheiro de vitória.

Fontes:
Bíblia Sagrada – Concordância, Dicionário e Harpa - Editora Betel.
Revista: APÓSTOLO PAULO – Editora Betel - 4º Trimestre 2012 – Lição 08

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

LIÇÃO 09 - AS SETE TAÇAS DA IRA DE DEUS

“o legado de Jesus cristo para sua igreja”

As Sete Promulgações da lei Divina