LIÇÃO 02 - A extraordinária conversão de Paulo





Texto Áureo

“Então disse eu: Senhor, que farei? E o Senhor disse-me: Levanta-te, e vai a Damasco, e ali se te dirá tudo o que te é ordenado fazer”. At 22.10
22:10 / A pergunta de Paulo, Senhor, que farei? é adição ao relato anterior (cp. 9:5s.). O título "Senhor" no começo não deveria ter tido o mesmo significado que passou a ter mais tarde para o apóstolo; agora Paulo adota o emprego cristão desse título em sua narrativa: E o Senhor respondeu... É claro que Jesus não era Senhor para essa multidão de judeus. A resposta de Jesus é essencialmente a mesma de 9:6. Compare este relato com o outro, mais condensado, de 26:16ss. (NOVO COMENTARIO BIBLICO DO LIVRO DE ATOS – David J Williams)

Verdade Aplicada

Antes que muita coisa de valor possa ser feita no mundo, faz-se necessário um profundo arrepen­dimento e uma mudança radical na vida.

Objetivos da Lição

      Levar a perceber a dimensão da oposição de Paulo ao evan­gelho;
      Reconhecer o que levou Paulo a uma mudança radical;
      Identificar as primeiras consequências de uma profunda mudança em Paulo.

Textos de Referência

At 9.3         E, indo no caminho, acon­teceu que, chegando perto de Damasco, subitamente o cercou um resplendor de luz do céu.
At 9.4         E, caindo em terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues?
At 9.5         E ele disse: Quem és, Senhor? E disse o Senhor: Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões.
At 9.6         E ele, tremendo e atô­nito, disse: Senhor, que queres que eu faça? E disse-lhe o Senhor: Levanta-te, e entra na cidade, e lá te será dito o que te convém fazer.
At 9.17      E Ananias foi, e en­trou na casa e, impondo-lhe as mãos, disse: Irmão Saulo, o Se­nhor Jesus, que te apareceu no caminho por onde vinhas, me enviou, para que tornes a ver e sejas cheio do Espírito Santo.

LEITURAS COMPLEMENTARES
  • Segunda feira: 1Pe 2.21
  • Terça feira: 1 Pe 3.9
  • Quarta feira: 1 Jo 3.1
  • Quinta feira: Jd 1
  • Sexta feira:  Ap 17.4
  • Sábado: Mt 22.14

INTRODUÇÃO
Será estudada, nesta lição a conversão de Paulo, filho de um fariseu, que, depois de terminar seus estudos, aos pés do doutor da Lei, Gamaliel, pôs-se como arqui-inimigo do Senhor Jesus por causa da sua ignorância em relação à alvorada de uma nova dispensação que surgia no horizonte da história religiosa. Paulo se doía com a nova “Seita do Caminho” que angariava cada vez mais adeptos entre os judeus.

1. Antes da mudança
Quando o jovem Paulo perseguia os seguidores de Jesus, fazia-o nas melhores das intenções, e, naquele contexto social e religioso, era até uma coisa louvável. Nem todo proceder tem a aparência de boas intenções, isso todos sabem. Levados pelo pensamento de que estão fazendo algo para Deus, muitos perseguem, espancam, mutilam e matam aqueles que são fiéis a Cristo, mesmo nos dias atuais.

1.1. Saulo, o assolador (At 8.1-3)
1. Saulo consentia. Alguns acham que essas palavras indicam que Saulo era um membro do Sinédrio. Isto não precisa ser verdade. Entretanto, sendo ele da Cilícia, era sem dúvida um membro da sinagoga que discutiu com Estêvão (6:9). Até esse momento a igreja não demonstrara nenhuma inclinação de levar o Evangelho a todo o mundo, permanecendo em Jerusalém. Deus usou a perseguição que se seguiu à morte de Estêvão como um meio providencial para a expansão do Evangelho fora de Jerusalém. Os crentes da congregação de Jerusalém foram espalhados por toda parte, mas os apóstolos puderam permanecer na cidade dando estabilidade à igreja.
3. O espírito instigador dessa perseguição foi Saulo (veja Gl. 1:13, 23; I Co. 15:9; Fl. 3:6). Ele se convenceu de que esse novo movimento que proclamava um criminoso crucificado como o Messias não podia ser de Deus. Pois o V.T. pronunciava uma maldição sobre qualquer um que fosse pendurado sobre uma árvore. Era uma prova escriturística, segundo o entendimento de Saulo, que Jesus era um enganador e esse novo movimento era blasfemo. (Comentário Bíblico Moody – Atos)

1.2. Saulo diante de Estevão (At 8.1; 22.20)
Enquanto isso, as testemunhas, cuja função era atirar as primeiras pedras (Levítico 24:14; Deuteronômio 17:7; cp. João 8:7), à busca da melhor forma para desincumbir-se da tarefa, depuseram as suas vestes aos pés de um jovem chamado Saulo (v. 58). Assim é que nos defrontamos, pela primeira vez, com um homem que se tornará a figura central deste livro. A respeito de sua vida até este ponto diremos alguma coisa mais tarde (veja a disc. sobre 22:3). Aqui precisamos apenas perguntar por que Saulo estava presente durante a execução de Estevão. Já discutimos a dificuldade de tê-lo como membro da sinagoga dos libertos (veja a disc. sobre 6:9). De modo semelhante, a proposta segundo a qual Saulo teria sido membro do Sinédrio não está isenta de alguns problemas (veja a disc. sobre 26:10). Talvez a solução mais satisfatória seja que Saulo estava ali apenas como um espectador interessado, embora já fosse pessoa de alguma importância. Havia o costume de permitir-se que circunstantes, especialmente estudantes, permanecessem nos fundos da sala do concilio (veja B. Reicke, p. 145), de modo que numa ocasião como esta, alguém que fosse mais devotado às tradições que a maioria de seus contemporâneos (Gálatas 1:14), e que de qualquer maneira desejasse fazer-se notar pelos seus superiores hierárquicos, poderia muito bem aproveitar uma oportunidade como essa; daquela sala de reuniões conciliares a pessoa passaria ao local de execução. Nessa época, Saulo aprovou de todo o coração o assassinato de Estevão (note-se a força do termo grego). Todavia, a memória do evento deveria perse­gui-lo pelo resto da vida (cp. 22:20; 1 Timóteo 1:13). Por conveniência, daqui por diante nós nos referiremos a Saulo pelo seu nome romano, Paulo, conquanto tal não aconteça em Atos, senão no capítulo 13. (NOVO COMENTÁRIO BÍBLICO DO LIVRO DE ATOS – David J. Williams)

22:19-21 / A oração de Paulo no templo é recontada como se ele houvesse discutido com o Senhor a questão de ele partir ou ficar. Seu argumento era que se o povo deveria ouvir a alguém, essa pessoa seria ele, por ter sido um perseguidor do Caminho; eles bem sabem que eu lançava na prisão, e açoitava nas sinagogas aos crentes (veja a nota sobre 26:11; quanto à construção gramatical "crer em direção de...", veja a disc. sobre 9:42). Mas ele próprio tornou-se um cristão. Antes disso, até havia tomado parte na morte de Estevão (observe como a palavra "testemunha", martys, aqui aplicada a Estevão, estava adquirin­do o sentido de "mártir"). A intenção de Paulo em tudo isso era demons­trar que o trabalho em que havia empenhado toda sua vida, entre os gentios, não era seu trabalho, mas o trabalho de Deus mesmo, pois ele o havia determinado. Ele, por si mesmo, teria ficado em Jerusalém, mas o Senhor permanecera irredutível pelos seus argumentos, e o havia enviado para longe, aos gentios (v. 21; cp. Efésios 2:13). (NOVO COMENTÁRIO BÍBLICO DO LIVRO DE ATOS – David J. Williams)

1.3. Como Paulo assolava a Igreja? (At 8.3-4)
8:3 / Se o versículo 2 derramou um pouco de luz naqueles dias trevosos, o versículo 3 nos empurra de volta à escuridão. Aqui estava uma expressão muito diferente de zelo pela lei. A palavra empregada para definir as atividades de Paulo (ele assolava a igreja) é usada para descrever a devastação produzida por um exército, ou por uma besta selvagem que dilacera sua vítima. Temos aqui o retrato terrível de um perseguidor que ia de casa em casa (entrando pelas casas) — talvez onde morassem crentes conhecidos, ou pelo menos os lugares onde se reuniam as assembléias cristãs (veja a nota sobre 14:27). A violência da repressão é sublinhada pela referência a homens e mulheres que eram arrastados. No entanto, Lucas está interessado em salientar a presença das mulheres, e o papel que elas desempenhavam (veja a disc. sobre 1:14). O próprio Paulo nos fornece um relato mais minucioso dessa perseguição em 26:9-11, e a ela se refere várias vezes em suas cartas (1 Coríntios 15:9; Gálatas 1:13, 22s.; Filipenses 3:6; 1 Timóteo 1:13). (NOVO COMENTÁRIO BÍBLICO DO LIVRO DE ATOS – David J. Williams)

3. Assolava a igreja – Gr. Lumainimai, tratar de forma vergonhosa ou com injúria; significa o ato de animais ferozes em busca de sua presa. Arrastando-os, não poupando idade nem sexo, mas levando-os à força perante os magistrados.
Somente os romanos tinham autoridade sobre a vida e a morte. O Sinédrio, para quem Saulo prestava seus serviços, podia apenas aprisionar e castigar até a beira da morte. É verdade que alguns eram mortos (At 26.10), mas isso era com a permissão romana ou por assassinato, como no caso de Estevão. (Bíblia de Estudos Dake)

2. O que produziu mudança?
O maior desejo do jovem Paulo era fazer algo de valor para Deus, para o judaísmo e para os judeus em si. Ele concluíra que estava absolutamente certo em repelir com veemência aquela doutrina sectária no seio do judaísmo, que mais trazia escândalo do que bem. Afinal, para ele Jesus de Nazaré teve o que mereceu quando, nas mãos dos romanos, caiu sob a acusação de ser um rei ilegítimo, por fazer-se Filho de Deus.

2.1. Paulo, confrontado pelo Senhor Jesus (At 9.3-7)
2. O sumo sacerdote, presidente do Sinédrio, tinha os judeus de toda a Palestina sob a sua jurisdição. Saulo obteve do sacerdote cartas de extradição para as sinagogas de Damasco a fim de trazer de volta a Jerusalém, em cadeias, qualquer cristão que para lá tivesse fugido. Havia uma comunidade judia em Damasco de cerca de dez a dezoito mil pessoas. Caminho. Uma palavra usada para descrever a fé cristã (19:9, 23; 22:4; 24:14, 22).
3, 4. O jato de luz apareceu a Saulo perto do meio-dia (22:6; 26:13), mas a luz era mais forte do que a luz do sol. A voz que vinha do meio da luz falou a Saulo em hebraico, ou aramaico (26:14). Embora a maioria dos judeus da Dispersão falasse o grego, os pais de Saulo falavam o aramaico e ensinaram-lhe essa língua (Fl. 3:5). Essa era a língua usada nas escolas rabínicas de Jerusalém. A voz informou Saulo que ao perseguir os cristãos ele perseguia a Cristo.
5. A princípio Saulo não entendeu o significado dessa experiência. Pediu que a voz se identificasse. Senhor no grego significa, muitas vezes, pessoa de respeito (16:30; 25:26); mas aqui indica uma resposta reverente e respeitosa. A voz identificou-se como a do Jesus glorificado. As palavras Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões, conforme está na ERC, não se encontram nesta passagem nos textos gregos mais antigos, mas foram aqui introduzidas de 26:14.
7. Saulo estava na companhia de uma caravana. A declaração deste versículo dizendo que os homens ouviram uma voz mas não viram ninguém parece contradizer 22:9 e 26:14, onde se diz que eles ouviram a voz. Há duas possíveis soluções para este problema. A construção do grego em 9:7 é diferente da construção de 22:9. A primeira declaração pode significar que eles ouviram um som e o outro versículo que eles não entenderam o que dizia. Uma segunda possibilidade é que 9:7 se refere à voz de Saulo falando à luz; os homens ouviram a voz de Saulo, mas não ouviram a voz que da luz falava a Saulo (22:9). (Bíblia de Estudos Dake)

A Voz Celestial (At 9.4,5)
 1. "Saulo, Saulo, por que me persegues?" O que estas palavras significavam para Saulo? Recebia uma mensagem pessoal do Céu. No Antigo, como no Novo Testamento, quando Deus chamava alguém pelo nome, era sinal de que tinha um cuidado especial por aquela pessoa. E que a cha­mava para um serviço especial (ver Gn 22.1; 46.2; Êx 3.4; 1 Sm 3.4; Lc 19.5; At 10.3). Sabia que eram pronunciadas por um ser celestial. Portanto, estava sendo acusado de lutar contra Deus (At 5.39 ־ Saulo não havia seguido o conselho de Gamaliel, seu professor). As palavras continham um desafio à sua retidão de conduta e crença. "Por quê?" Como Saulo, zeloso pela Lei e por Deus, iluminado pelas pala­vras de Moisés e dos profetas, chegou ao ponto de lutar contra Deus, pensando que servia a Ele.

2. "Quem és, Senhor?" Saulo tinha consciência de que algum ser celestial lhe aparecera. Ele bem conhecia narra­tivas de acontecimentos semelhantes no Antigo Testamen­to (Is 6.1-3; Ez 1.27,28; Dn 10.5-8). Não sabia, no entanto, a identidade do visitante. Era um dos anjos, o Anjo do Senhor ou o Senhor Deus em pessoa? Esta era a razão da sua pergunta.

3. "Eu sou Jesus, a quem tu persegues". Que susto enorme para Saulo! O ser celestial era o próprio Jesus, considerado por ele um impostor crucificado. Estêvão ti­nha razão! O crucificado era verdadeiramente o Messias, glorificado e profetizado (At 7.55,56 e Dn 7.13,14). Note­mos que Cristo se revelou com o nome humano, tão odiado por Saulo. Não disse: "Sou o Filho de Deus", nem: "Sou o Messias". O próprio Jesus de Nazaré foi glorifica­do (Jo 1.45,46,49,51). (http://www.ebdareiabranca.com/2011/1trimestre/licao09.htm)

2.2. Saulo obedece ao Senhor Jesus (At 9.8-9)
9:6-8) / No devido tempo, Paulo receberia instruções sobre o que deveria fazer, mas nesse momento ele já era um novo homem (cp. 2 Coríntios 5:17; Filipenses 3:4ss.). Paulo não poderia jamais esquecer de modo completo seu passado, mas tudo lhe fora perdoado (veja a disc. sobre 3:19), e Deus lhe havia preparado uma nova tarefa. Deve-se notar que em 26:16-18 há um breve resumo, como se o Senhor, por ocasião dessa experiência de Damasco, tivesse explicado a respeito de qual viria a ser sua nova tarefa. Entretanto, a narrativa naquele capítulo foi bastante condensada, com omissão de todas as referências a Ananias, com quem Paulo aprenderia mais tarde qual seria o propósito para o qual Cristo o tinha convocado (veja a disc. sobre os vv. 15s.; 22:12-16, e também 22:17-21). Note-se que os companheiros de Paulo foram muito menos influenciados do que ele mesmo pelo que acontecera. Haviam visto a luz, haviam ouvido o som (v. 7; cp. 22:9; 26:14), e à semelhança de Paulo haviam sido atirados ao chão (26:14 liga de modo explícito sua cegueira à luz). Certa vez Jesus havia-se referido a esse tipo de cego, ao falar de "um cego guiar outro cego" (Mateus 15:14; 23:16); estando cego agora, Paulo foi conduzido por outros a Damasco (v. 8), onde se hospedou na casa de um Judas, na rua Direita (cp. v. 11). Tais pormenores, como o nome do anfitrião e da rua onde este morava indicam a existência de uma fonte bem perto do local dos acontecimentos (cp. 16:15; 17:6s.; 18:2s.; 21:8, 16; também 10:6). (NOVO COMENTÁRIO BÍBLICO DO LIVRO DE ATOS – David J. Williams)

9. A experiência foi tão fora do comum que durante três dias Saulo não conseguia nem comer nem beber.
10, 11. Nada sabemos sobre Ananias exceto o que nos conta esta passagem. O versículo 13 indica que talvez ele residisse em Damasco e não sendo refugiado de Jerusalém. Não sabemos como o Evangelho chegou a Damasco nem como Ananias se converteu. O livro de Atos não nos dá uma história completa da igreja primitiva, mas relaciona apenas os acontecimentos mais importantes do seu crescimento. À rua que se chama Direita passava pelo centro de Damasco e ainda existe hoje em dia.
13. Chegou a Damasco notícia da destruição feita por Saulo contra os cristãos em Jerusalém. Santos. Palavra comumente usada no N.T. em relação aos crentes.
15, 16. O sofrimento no serviço de Cristo não deve ser encarado como exceção, mas como coisa normal.
17. A obediência de Ananias foi imediata e completa. A recepção do Espírito Santo por meio da imposição das mãos de Ananias foi uma experiência excepcional e não coisa normal (cons. 8:17). Com a palavra irmão, Ananias deu as boas-vindas a Saulo recebendo-o na comunidade cristã.
18. Uma substância escamosa caiu dos olhos de Saulo, ele recobrou a vista imediatamente e foi batizado. (Bíblia de Estudos Dake)

2.3. Resultado da obediência de Paulo
9:9-12 / Paulo permaneceu nesta casa durante três dias, sem comer nem beber — sinal, talvez, de profunda contrição, ou quem sabe em antecipação de outras revelações (cp. v. 6, e veja a disc. sobre 13:2), ou talvez como conseqüência de seu estado de choque. Paulo orava e jejuava. Sendo um fariseu devoto, deveria orar com muita freqüência. Entretanto, quem sabe pela primeira vez Paulo estava aprendendo a diferença entre "rezar, ou pronunciar palavras perante Deus" e orar (a reação do verdadeiro crente perante a graça de Deus que lhe foi dada por Cristo). O orgulhoso fariseu da parábola de Jesus havia tomado o lugar do outro homem (Lucas 18:9-14). Esta passagem ensina a importância da oração tanto para Paulo como para a igreja no desempenho de sua missão. Em todas as situações críticas desta história encontramos o povo orando (10:2, 9; 13:2, 3; 14:23; 16:13, 16, 25; 20:36; 21:5; 22:17-21; 27:35; 28:8; veja também a disc. sobre 1:14). É também a primeira de várias passagens em que as visões estão ligadas à oração (cp. 10:2-6; 9:17; 22:17-21; 23:11; cp. tambem 16:9, 10; 18:9, 10; 26:13-19). Seja o que for que entendermos em relação a esses fenômenos, devemos con­cordar em que expressam a convicção de que em todos os casos as orações foram respondidas (veja a disc. sobre 1:14). Neste caso particu­lar, uma visão enquadra-se noutra (cp. 10:1-23). Numa, Paulo viu um homem vindo a ele; na outra, o tal homem, o próprio Ananias, recebe orientação no sentido de ir a Paulo e impor-lhe as mãos para que ficasse curado (cp. 1 Samuel 3:4ss.; veja a nota sobre 5:12). (NOVO COMENTÁRIO BÍBLICO DO LIVRO DE ATOS – David J. Williams)

A Bênção Celestial (At 9.919 ־)
 1. Uma alma ferida. A luz celestial temporariamente cegou a Saulo (At 22.11). Foi providencial, dando a Saulo tempo para meditar sobre sua nova experiência. Durante três dias, sem comida nem água, dedicou-se à oração. O aparecimento de Cristo mudou tudo para Saulo. Precisava de tempo e silêncio para se ajustar à mudança. Seus olhos foram vendados a fim de que os olhos espirituais se acos­tumassem à luz recebida.

2. Um mensageiro fiel. Após conversar com Saulo, o Senhor apareceu a um discípulo chamado Ananias. Por seu intermédio, completaria a obra de instruir a Saulo, obra que Deus começou pessoalmente. Mesmo havendo a possibilidade de instruí-lo, Cristo lança mão de instru­mentos humanos para tal serviço (At 10.3-6). Ananias recebeu a ordem de ir a certo endereço procurar Saulo e ministrar a ele. O discípulo ficou assustado ao receber tal ordem (vv. 13,14). Geralmente existe conexão entre as visões e o estado das pessoas que as recebem. Por isso, é provável que Ananias, tendo ouvido da comissão de Saulo, orasse pela proteção da igreja em Damasco. Por certo, não imaginava que sua oração fosse respondi­da exatamente daquele modo!

3. A bem-vinda libertação. Obedientemente, Ananias foi andando para a casa onde Saulo estava hospedado ־ andou realmente pela fé! A singela fé e obediência de Ananias são demonstradas no seu modo de se dirigir ao antigo perseguidor: "Irmão Saulo..." Com a impo­sição das mãos de Ananias, Saulo foi curado da ce­gueira. Depois foi batizado na água, e começou a co­operar na igreja.

3. Consequências dessa mudança
Evidentemente, que a conversão de Paulo teve muitos efeitos no Reino de Deus e no mundo, que talvez seja difícil enumerá-los e esquadrinhá-los na sua exata proporção. Mas abordaremos apenas alguns princípios que são arrolados por Lucas no livro de Atos.

3.1. Paulo passou a pregar o evangelho
9:19b-22 / Sendo portador de uma comissão da parte do Sinédrio, Paulo deveria pregar nas sinagogas de Damasco, e foi isso mesmo que ele fez, utilizando as sinagogas como as haveria de utilizar em suas viagens posteriores, como ponto de pregação evangelística (cp. 13:5; 14ss.; 14:1; 16:13; 17:ls., 10; 18:4, 19; 19:8; 28:17, veja a nota sobre 13:14). A mensagem desse fariseu pegou seus ouvintes de surpresa (v. 21), visto que ele pregava a respeito de Jesus, não contra Jesus, decla­rando ser este o Filho de Deus (v. 20). Para os ouvidos judaicos, esta frase podia significar várias coisas, mas o mais importante nesse aspecto é que era o título do rei (p.e., 2 Samuel 7:14; Salmo 2:2 e 89:27, 29) e, por extensão, o título do rei escatológico, o Messias (Enoque 105:2; 4 Esdras 7:28, 29; 13:32, 37, 52; 14:9).
A referência no v. 22 não diz respeito à pregação de Paulo (como afirma GNB), mas ao próprio Paulo que se esforçava muito mais. Ele se interessava cada vez mais pela sua nova vida (note-se o tempo imperfeito; cp. Salmo 84:7). Sua pregação e o efeito que exercia sobre os ouvintes estão descritos na última metade do versículo. O verbo grego (lit., "colocar juntos", "comparar") que ECA traduz por "provar", sugere que a pregação de Paulo consistia principalmente de comparações que ele fazia entre o Antigo Testamento e os eventos da vida de Jesus, a fim de comprovar ser ele o Messias (quanto a outra observação relacionada à técnica de Paulo em pregar, veja a disc. sobre 17:3).
9:23-25 / Em Gálatas 1:17 Paulo diz que logo após sua conversão passou algum tempo na Arábia, e em 2 Coríntios 11:32s, ele nos dá mais alguns pormenores de sua estada em Damasco. Juntando tudo isso, parece que após sua estada inicial em Damasco, Paulo foi para a Arábia, o que talvez signifique Nabatéia (veja a nota sobre 2:9ss.). É possível que ele tenha estado ali durante dois ou três anos (os judeus contavam o tempo de modo inclusivo, de modo que esses "três anos" de Gálatas podem referir-se a um período ligeiramente superior a um ano completo), talvez pregando, mas meditando em profundidade nas coisas em que acreditava, à luz de sua experiência de conversão.
9:26 / Quando, por fim, Paulo retornou a Jerusalém (de acordo com Gálatas 1:18, três anos depois de sua conversão), achou difícil ser aceito pela igreja. De modo particular ele desejava ver Pedro (Gálatas 1:18), mas nem Pedro nem ninguém queria vê-lo (cp. v. 13). Teriam ouvido a respeito de sua conversão, mas a partir de então talvez houvessem ouvido muito pouco, ou nada, a seu respeito. Não estavam muito seguros a respeito de Paulo. Na verdade, não acreditavam que fosse discípulo, e é natural que tivessem medo dele. Paulo não portava cartas de recomen­dação (cp. 18:27).
9:27 / Finalmente foi Barnabé que, trazendo-o consigo, levou-o aos apóstolos. De que forma Paulo e Barnabé entraram em contato um com o outro, ou por que Barnabé agora se dispôs a ajudá-lo, nós não o sabemos. Nenhuma base existe para supormos, como alguns comenta­ristas fazem, que ambos foram colegas de estudo em Tarso (veja a disc. sobre 22:3). É possível que a explicação esteja simplesmente no tipo de pessoa que Barnabé era. Observe-se a explicação que ele apresenta da conversão de Paulo. Suas palavras explicitam algo que só estava implí­cito na narrativa anterior, isto é, que Paulo vira o Senhor [Jesus] (v. também o v. 17). Observe-se também a ênfase sobre como em Damasco pregara ousadamente em nome de Jesus, salientando, talvez, que ele havia sido cheio do Espírito Santo, da mesma forma que os demais discípulos (veja a disc. sobre 4:13, 29, 31). Este relato do encontro de Paulo com os apóstolos pode apresentar divergências com a própria narrativa de Paulo em Gálatas l:18s., mas as diferenças são mais apa­rentes do que reais, e explicam-se pelo fato de os objetivos dos dois escritores serem diferentes. Era importante para Lucas demonstrar que Paulo fora aceito pelos apóstolos, enquanto que para Paulo, em Gálatas, era importante evidenciar sua independência deles. Portanto, Paulo esforça-se para salientar que dos Doze, ele só se encontrou com Pedro. Tiago, irmão do Senhor, também estava presente (veja a nota sobre 12:17). Gálatas informa-nos que sua visita foi muito curta, de duas semanas no máximo. (NOVO COMENTÁRIO BÍBLICO DO LIVRO DE ATOS – David J. Williams)

3.2. Paulo sofreu perseguição
Por fim, retornou a Damasco, sendo esse evento marcado talvez na narrativa de Lucas pelas palavras tendo passado muitos dias (v. 23). Por esta altura, os judeus da cidade ter-se-iam recuperado da surpresa gerada por sua conversão, e de maneira alguma tolerariam suas pregações a respeito de Jesus. Assim foi que planejaram matá-lo (cp. v. 29; 20:3, 19; 23:21; 25:3; 2 Coríntios 11:26), e, de acordo com 2 Coríntios, conseguiram recrutar o "que governava sob o rei Aretas" (NIV, governador) para que os ajudasse nessa tentativa.

As aparições públicas de Paulo limitaram-se a "disputas" com os (judeus) helenistas. Lucas em­prega o mesmo termo para os debates dos "libertos" com Estevão (6:9), com a diferença que os papéis agora se invertem. Na passagem anterior, os homens da sinagoga é que disputavam com Estevão; aqui, é Paulo que disputa com eles. Mas seria a mesma sinagoga? É claro que não há modo de descobrirmos; porém, pelo menos é provável que Paulo os tenha selecionado pelo fato de terem participado da morte de Estevão. O caso é que Paulo falou com ousadia, a quem quer que ali estivesse, em nome do Senhor (v. 29); noutras palavras, a mensagem paulina centralizava-se no Jesus a quem Deus havia feito "Senhor e Cristo" (veja 2:36). O resultado foi que os helenistas atentaram contra a vida de Paulo. Quando os irmãos souberam disso, tomaram Paulo e acompanharam-no até Cesaréia, e o enviaram a Tarso (v. 30). (NOVO COMENTÁRIO BÍBLICO DO LIVRO DE ATOS – David J. Williams)

3.3. O crescimento da Igreja
9:31 / Lucas encerra esta seção (e, num sentido mais amplo, encerra toda a narrativa iniciada com a história de Estevão), com uma declaração breve a respeito do estado da igreja (veja a disc. sobre 2:43-47). Agora elas tinham paz. Isto estava diretamente relacionado com a conversão de Paulo, mas havia outros fatores não mencionados por Lucas.
Enquanto isso, as igrejas "cresciam" (as igrejas... eram... edificadas, v. 31). Este verbo em geral refere-se ao crescimento espiritual, mas pode incluir o desenvolvimento de uma estrutura organizacional na igreja (veja a disc. sobre 11:30). Ao mesmo tempo, elas cresciam em número (se multiplicavam) por causa de dois fatores: o temor do Senhor [Jesus] e o fortalecimento pelo Espírito Santo. A palavra "edificadas" em ECA é, no grego, o substantivo paraklesis, que pode significar várias coisas: "invocação", "consolação", ou "exortação". É provável que aqui ela tenha este último significado, no sentido que a pregação da igreja (a exortação) tornava-se eficaz mediante o Espírito Santo. Deve-se notar que a palavra igreja está no singular (ECA preferiu o plural), embora se refira a várias igrejas, ou várias comunidades cristãs. Há apenas um "corpo" de Cristo, não importando quão longe estejam as igrejas locais, ou quão diferentes sejam. Aqui, pela primeira vez em Atos, temos uma referência à presença de cristãos na Galiléia. Eles não foram menciona­dos antes, em parte por causa do esquema de Lucas. Seja como for, "a Galiléia não exerceu um papel importante no desenvolvimento posterior do cristianismo primitivo" (Hengel, Acts, p. 76). (NOVO COMENTÁRIO BÍBLICO DO LIVRO DE ATOS – David J. Williams)

CONCLUSÃO
A conversão de Paulo de Tarso é um legado insofismável da história Universal, pois a mensagem dele sobreviveu a sua morte, a pessoa dele jamais foi esquecida com o passar dos séculos. Na sua conversão podemos saber como o Senhor Jesus transforma um inimigo em servo e em vaso útil, tornando-o portador de sua mensagem.


Fontes:
Bíblia de Estudo Dake – Atos
Revista: Apóstolo Paulo – Editora Betel - 4º Trimestre 2012 – Lição 02

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