“O exercício do dom de profecia na igreja atual”
LIÇÃO 06 – 10 de Fevereiro DE
2013
Texto Áureo
“Porque todos podereis
profetizar, uns depois dos outros, para que todos aprendam e todos
sejam consolados”. 1Co 14.31
Verdade
Aplicada
A profecia é
um dom do Espírito Santo concedido à igreja para um fim proveitoso.
Objetivos da
Lição
► Definir o dom de profecia;
► Apresentar alguns cuidados
indispensáveis quanto ao uso do dom de profetizar;
► Mostrar que as profecias devem ser
analisadas e quem profetiza deve ter a humildade para enfrentar isso.
Textos de
Referência
1Co 14.29 E falem dois ou três profetas, e os outros
julguem.
1Co 14.30 Mas, se a outro, que estiver assentado, for revelada alguma
coisa, cale-se o primeiro.
1Co 14.31 Porque todos podereis profetizar, uns depois dos outros, para que
todos aprendam e todos sejam consolados.
1Co 14.32 E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas.
1Co 14.33 Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as
igrejas dos santos.
INTRODUÇÃO
A falta de conhecimento dos dons espirituais
deve ser combatida com o bom ensino. Lamentavelmente, nunca houve tanto
desconhecimento acerca do dom de profecia como em nossos dias. Há
questionamentos que vão desde os mais banais até os mais sérios. É impossível
responder a todos numa única lição. Na verdade, precisaríamos de um livro
inteiro para isso, mas trataremos aqui alguns principais.
A questão dos dons espirituais é sem
dúvida um dos grandes temas abordados nas páginas de O Novo Testamento. É
bastante importante, porque diz respeito à funcionalidade o Corpo de Cristo,
que é a igreja. Falar a respeito dos dons ou carismas distribuídos pelo
Espírito Santo é redescobrir a própria essência da comunidade cristã que surge
das páginas do livro de Atos. Talvez seja o desconhecimento deste tema e de
suas implicações para a vida cristã, que esteja privando tantos crentes de
serem melhor usados pelo Senhor.
Falar sobre dons espirituais a partir
da perspectiva das escrituras é muito difícil se não recorrermos às cartas
paulinas. É nos seus escritos profundos e desafiadores que vamos entender a
natureza íntima de tal tema. (Apostila
de Estudos 8 – Dons do Espirito – Presb. Rafael Nimer)
1.
O que é o dom de profecia?
O dom de profecia é uma dotação ou concessão
especial e sobrenatural através do Espírito Santo. É uma capacidade divina
sobre a vida dos cristãos, para missões especiais na execução dos propósitos
divinos para e através de sua igreja. Stanley Horton, famoso teólogo
pentecostal ensina que o dom de profecia é “como que faculdades da Pessoa
Divina operando no ser humano”. É uma mensagem verbal inspirada pelo Espírito
Santo para edificação, exortação e consolação da igreja de Cristo no mundo (1
Co 14.3)
O primeiro dom espiritual a ser
mencionado neste trecho é PROFECIA
(PROPHÊTEÍAN). Este dom é um dos mais repetidos nas listas anteriormente
descritas. A função do profeta era transmitir as revelações divinas de
significação temporária que proclamavam à igreja o que ela deveria saber e
fazer em circunstâncias especiais. Sua
mensagem era de edificação, exortação e consolação I Cor 14.3; Rom 12.8. Às
vezes estas mensagens possuíam um caráter preditivo Atos 11.28; 21.10. Os
profetas têm o segundo lugar de importância nos escritos de Paulo, logo depois
dos apóstolos I Cor 12.28; Efés 2.20. Estes profetas da igreja primitiva
frequentemente parecem ter sido pregadores itinerantes, indo de igreja em
igreja, edificando os crentes na fé em Cristo, e instruindo as igrejas locais.
Esses profetas do Novo Testamento exerciam o seu ofício exclusivamente através
da escolha divina pelo exercício do dom carismático, o qual seria examinado e
julgado pelos cristãos, conforme veremos posteriormente nas instruções de Paulo
aos coríntios. Neste trecho de Romanos, a profecia deveria ser exercida
“segundo a proporção da fé” 12.6. A Bíblia Anotada identifica esta expressão
com o sentido de que as revelações transmitidas pelo profeta deveriam estar de
acordo com a verdade já revelada. Neste caso a palavra “fé” seria tomada no
mesmo sentido que lhe dá JUDAS em seu verso 3, quando nos conclama a “batalhar
pela fé, de uma vez por todas entregue aos santos”. Aqui “fé” significaria o
conjunto doutrinário elaborado a partir da pregação doutrinária dos apóstolos.
Então a revelação profética deveria estar em conformidade com o ensino dos
apóstolos. Este é o mesmo caminho tomado pelo comentário da Bíblia de
Jerusalém, a qual dá a variante “segundo a norma da fé”, remetendo o leitor à I
Coríntios 12.3, onde a “confissão de fé” constitui o sinal de autenticidade dos
carismas.
Outra interpretação é a que identifica
“segundo a medida da fé”, com o dever do profeta exercer o seu dom espiritual
de conformidade com a sua proporção da fé, ou seja, de acordo com o seu
desenvolvimento espiritual. (Apostila de
Estudos 8 – Dons do Espirito – Presb. Rafael Nimer)
1.1. Uma
ação direta do Espírito Santo (1 Co 12.3)
v3 Entretanto, será que o judaísmo não era algo
bem diferente? Nele não havia um Deus vivo que falava e, por isso, também um
conhecimento claro e uma ordem consciente da vida? Diversos membros da igreja
provavelmente já olhavam com atenção para o judaísmo no tempo em que eram
gentios. Agora em muitas igrejas perguntava-se se não teriam de pertencer a
Israel para poderem pertencer corretamente a Jesus, o Messias de Israel.
Justamente pelo fato de que para os antigos “gentios” era difícil opinar nesse
ponto, “por isso vos faço compreender
que ninguém que fala pelo Espírito de Deus afirma: ‘Maldição sobre Jesus’.”
Também na sinagoga de Corinto ocorreram “blasfêmias” por ocasião da pregação de
Paulo (At 18.6). Naquele tempo as exclamações “maldição sobre Jesus” ecoavam no
recinto quando Paulo falava de Jesus. E também agora a sentença sobre Jesus
está estabelecida em todas as sinagogas: Jesus é o blasfemador executado com
razão no madeiro maldito. Isso, porém, constitui a evidência segura de que aqui
não se pode encontrar o Espírito de Deus.
Porque a atuação do Espírito leva
exatamente no sentido oposto, conduzindo ao testemunho: “Senhor é Jesus.” Sim, “ninguém
pode dizer: ‘Senhor é Jesus’, senão pelo Espírito Santo”. Durante muito
tempo, ao longo dos séculos de tradição cristã, isso obviamente parecia não
estar correto. Contudo justamente na atualidade começamos a compreendê-lo
novamente. Nenhuma “pessoa sensata” é capaz de reconhecer que um artesão
judaico, que acabou indefeso na cruz, insultado pelas pessoas e abandonado por
Deus, deva ser o kyrios, o Senhor do universo, o Juiz de todos os bilhões de pessoas. “Senhor é Jesus” –
naquele que afirma isso com absoluta convicção atua o Espírito Santo. Porque
precisamente essa é, conforme Jo 16.14, a obra mais própria e precípua do
Espírito: glorificar a Jesus, mostrar Jesus com toda a sua glória. Por
intermédio do Espírito Santo formula-se a confissão básica do cristianismo: “Senhor é Jesus.” Todas as demais “confissões”
e “escritos confessionais” no cristianismo são apenas elaborações mais
detalhadas e explicações dessa confissão fundamental. Ao mesmo tempo, porém,
toda pessoa que for capaz de proferir essa confissão e ver no ser humano Jesus
o kyrios tem o privilégio de, com gratidão e alegria, ter certeza de que o
Espírito habita e atua em seu coração. E a igreja que vive nessa confissão é o
lugar da presença do Espírito Santo (1Co 3.16). (Comentário 1 Coríntios - Esperança - Werner de Boor)
a. “Portanto,
eu lhes faço conhecer.” Alguns estudiosos consideram os versículos 2 e 3 e seu
conteúdo como um aparte e os colocam em parênteses. Mas a força do advérbio
conclusivo, portanto remete ao versículo 2 e a todo o trecho antecedente (vs.
1, 2). Se entendermos esse versículo (v. 3) como uma declaração conclusiva,
então vemos que Paulo descreve a condição espiritual dos cristãos gentios em
Corinto. Isso não significa que tenhamos uma explicação para esse versículo que
seja completamente satisfatória. Significa que no contexto coríntio nós podemos
separar o passado (v. 2) do presente (v. 3). Paulo agora fala sobre a vida
espiritual dos crentes em Corinto. Ele diz que vai tornar algo conhecido a eles
(comparar com 15.1; 2Co 8.1; Gl 1.1).
b. “Ninguém que
esteja falando pelo Espírito de Deus diz que ‘Je-sus é maldito’.” Paulo
contrabalança essa afirmação com a declaração “e ninguém pode dizer ‘Jesus é
Senhor’, a não ser pelo Espírito Santo”. Se Paulo tivesse dado somente a
segunda declaração, não teríamos de enfrentar dificuldades. Mas como ele
escreveu ambas, a pergunta é se Paulo descreve ocorrências reais de Jesus ter
sido amaldiçoado dentro da comunidade cristã local.
Quem são as pessoas que colocam uma
maldição sobre Jesus? As respostas a essa pergunta são várias e variadas. (Comentário do Novo Testamento - 1
Coríntios - Simon Kistemaker)
1.2. Providência
divina através da profecia
1
Co 14.1 No final de 1Co 12 Paulo havia dito de forma bem genérica: “Procurai
os maiores dons.” É o que ele agora detalha com clara determinação por meio do
convite: “Mas principalmente que
profetizeis.” Chegou, assim, à questão realmente concreta que estava em
jogo em Corinto. Qual é o dom do Espírito “mais valioso”, essencial e “maior”?
Ao que parece, muitos em Corinto declaravam: é o falar com a “língua”. Paulo
discorda com persistente seriedade, opondo ao “falar com língua” o “falar
profético” como o efeito do Espírito singularmente importante. É isso que está
em jogo em todo o presente trecho. Agora temos de mantê-lo diante de nós como
um todo, a fim de penetrar num território que se tornou completamente estranho
para nós.
v.
3 O que significa, em
contraposição ao “falar em línguas”, o
propheteuein, o “falar profético”? “Quem
fala profeticamente fala a pessoas edificação, exortação e consolo” [tradução
do autor]. Essa sucinta frase revela de imediato que não se trata de um “profetizar” no sentido corrente de predizer o futuro,
como nós costumamos falar de “previsão do tempo” e coisas semelhantes. A
palavra como tal aponta para os “profetas” da Antiga Aliança. Contudo
entenderemos esses personagens de forma equivocada se os considerarmos tão
somente como anunciadores de acontecimentos futuros. Em primeiro lugar sua
tarefa era confrontar povo, sacerdotes e rei com todo o seu fracasso, toda a
sua culpa. Deviam conclamar ao arrependimento. Precisavam chamar atenção para a
santa vontade de Deus, ensinar, exortar e consolar. Unicamente no contexto
dessa grande incumbência geral eles também precisam apontar para o futuro e
ameaçar ou confrontar mediante determinadas revelações sobre o futuro. Quem,
pois, falava como “profeta” na igreja não apenas tinha de prenunciar, como
Ágabo, uma carestia, mas cuidar, como declara expressamente também o v. 3, da “edificação”
por meio da “exortação e do consolo”.
O “falar
profético” refere-se, pois, a um falar inteligível em palavras simples,
dirigido e plenificado pelo Espírito de Deus, e por isso atingindo coração e
consciência de pessoas. Seu conteúdo pode variar muito, de acordo com a
incumbência de Deus. Porém seu objetivo sempre é a edificação da igreja como
corpo de Cristo. (Comentário 1 Coríntios
- Esperança - Werner de Boor)
v.
1. “Especialmente para que vocês possam profetizar.” Entre os dons
espirituais está a profecia, que Paulo escolhe, agora, como um alvo de atenção
especial. Anteriormente ele havia registrado esse dom entre osde fazer milagres
e discernir espíritos (12.10; comparar também 12.28,29). Mas no contexto do
capítulo 14 ele o compara com o dom de línguas e diz que prefere profetizar do
que falar em línguas (v. 5).
Será que todos deveriam desejar com
ansiedade a capacidade de profetizar? Obter esse dom depende, em primeiro
lugar, do doador e, em segundo, do requerente. A soberania de Deus de dar ou
reter não cancela a responsabilidade do homem de orar. Paulo pode insistir com os
coríntios para que orem ansiosamente pelo dom da profecia, mas ele não lhes
pode assegurar que Deus concederá o mesmo dom a todos eles (12.11). Seja qual
for o dom que o Espírito Santo confere a um crente, ele precisa ser empregado
com amor em benefício da igreja.
Além disso, observamos que sem o
Espírito Santo uma pessoa é incapaz de profetizar. Enquanto Deus hoje convoca
pregadores, professores e exortadores da sua revelação, Paulo recomenda a eles
com insistência que respondam a esse chamado. (Comentário do Novo Testamento - 1 Coríntios - Simon Kistemaker)
1.3. A
utilidade e proveito da profecia
1
Co 14. 6. Mas agora,
irmãos, suponham que eu venha a vocês falando em línguas, que lhes aproveita a
não ser que fale a vocês por revelação ou por conhecimento ou por profecia ou
por ensino?
a.
“Mas agora, irmãos.” Agora transmite não uma conotação temporal, mas lógica: “mas porque
as coisas são assim”. Com base nas práticas da congregação, Paulo é desafiado a
dar seu ponto de vista pessoal sobre as línguas. Ele se dirige aos coríntios
com a palavra irmãos, que na forma de falar daqueles dias incluía as irmãs da
igreja.
Com o uso do termo, Paulo se coloca no
mesmo nível de qualquer um deles. Como a questão de falar em línguas é matéria
sensível, Paulo tem de corrigir o pensamento e as ações das pessoas em Corinto,
e precisa fazer isso de modo pastoral e terno.
b.
“Suponha que eu venha a vocês falando em línguas.” Nessa
primeira parte de uma sentença condicional, Paulo escreve uma cláusula que
expressa suposição ou probabilidade; ao dizer “suponha” ele convida os leitores
a lhe darem sua reação, caso ele aparecesse no meio deles falando em línguas.
Ele tem toda intenção de voltar a visitá-los (16.5), mas não com o propósito de
falar em línguas.
Paulo escreve a expressão línguas no
plural, em vez do singular. Mais adiante ele testifica que tem a capacidade de
falar em línguas mais do que qualquer um dos coríntios (v. 18), e novamente ele
usa o plural em vez do singular. A expressão falando em línguas é uma forma
abreviada da cláusula original “falar em outras línguas” (At 2.4).
Paulo recusa-se a falar com os
coríntios em línguas, porque ele quer comunicar sua mensagem de modo
inteligível (ver v. 19). Uma falta de comunicação significa uma falta de amor,
e, no entanto o amor deve ser a marca registrada de todos os relacionamentos
pessoais dentro da igreja.
Além disso, Paulo nunca se refere a
falar em línguas “sem apontar que seu valor é inferior, e compará-la
desfavoravelmente com a fala que é inteligível”.
c.
“Que lhes aproveita, a não ser que [eu] fale a vocês por revelação ou por
conhecimento ou por profecia ou por ensino?” A resposta que Paulo espera
dos coríntios é negativa, a não ser, é claro, que ele os edifique com seus dons
espirituais. Os dons que o Espírito Santo distribui têm o propósito de servir à
igreja para que todos os membros possam se beneficiar deles. Consequentemente,
quando Paulo finalmente chega a Corinto, ele vem para edificar as pessoas com
mensagens inteligíveis de Deus.
Paulo entrega suas mensagens na forma
de revelação, conhecimento, profecia ou ensino. Seria bom vermos essas quatro
categorias como duas partes que se reforçam mutuamente:
Revelação
e conhecimento profecia e ensino
No primeiro par, revelação pode ser considerada
como significando, primeiro, os acréscimos ao Novo Testamento que estavam sendo
desenvolvidos na época. Depois, pode referir-se a discernimentos da Palavra de
Deus revelados aos apóstolos e profetas (Ef 3.5; Fp 3.15).
E, por fim, pode significar uma
mensagem divina dada a Paulo (por ex., ir a Jerusalém para ver se o evangelho
que ele pregava estava em harmonia com aquele dos apóstolos [Gl 2.2; comparar
também com 2Co 12.1,7]). Paulo agora declara que ele divulga a revelação para o
bem do povo de Deus. Assim também ele compartilha como os coríntios o
conhecimento que se presume ser sobre Deus e sua Palavra.
O segundo par reforça o anterior. A
profecia anda paralela com a revelação, e o ensino encontra seu correlativo no
conhecimento. Um profeta é incapaz de profetizar sem uma revelação e um mestre
não pode dar instrução sem conhecimento. Uma pessoa que recebe revelação e
então profetiza é um porta-voz do Espírito Santo, e alguém que tem conhecimento
e ensina os membros da igreja vivencia a ajuda do Espírito (12.8). E, por fim,
a revelação e o conhecimento estão relacionados às posses interiores de uma
pessoa, enquanto a profecia e o ensino são referentes às atividades exteriores
de uma pessoa. (Comentário do Novo
Testamento - 1 Coríntios - Simon Kistemaker)
2.
Responsabilidades com o dom de profecia
A manifestação da Palavra profética deve ser
resultado de uma busca do progresso da igreja (1 Co 14.12), por se tratar de
uma enorme bênção espiritual, a profecia também vem acompanhada de grandes
responsabilidades que envolvem a todos e simultaneamente o indivíduo em si. É
preciso ser cuidadoso não somente com esse dom, mas com todos os dons que se
manifestam nos cristãos pelo Espírito Santo. Não somente pelo juízo que
experimentarão os irresponsáveis (Lc 12.48), mas sobre tudo pelo caráter de
Deus em nós.
2.1. Todos
podem profetizar na igreja?
1Co
14.31 “Pois todos vocês podem profetizar um por um.” Paulo está
dando orientações sobre o culto ordeiro; ele não diz que em qualquer culto
todos têm a oportunidade de falar. Isso seria uma contradição flagrante à
insistência de Paulo sobre a conduta ordenada. Com seu preceito de que dois ou
três profetas podem se dirigir ao auditório, ele dá a entender que, no passar
do tempo, cada membro da igreja poderá profetizar. O Espírito de Deus não só
está no controle da profe-cia, mas também dá a certos membros esse dom
específico a seu próprio tempo. O Espírito determina quando um profeta já teve
tempo suficiente e precisa ceder seu lugar a outra pessoa.
Benefícios.
“Para que todos possam aprender e todos serem incentivados.” Ao longo de
todo esse capítulo especificamente, Paulo repete o conceito edificar, embora
com palavras diferentes. Aqui ele diz que a pessoa que profetiza deve fazer
isso de modo que todos possam aprender “conversando, perguntando, falando,
escutando”.
E, em segundo lugar, ele observa que
todos podem receber encorajamento pela palavra profética (v. 3). (Comentário do Novo Testamento - 1
Coríntios - Simon Kistemaker)
A palavra «... todos...»indica, potencialmente, todos quantos já haviam
recebido o dom profético. Mas nem todos eles, se o seu número fosse superior a
três, poderiam falar em uma única reunião, conforme também o vigésimo nono
versículo nos ensina. A palavra «todos», aqui usada, sob hipótese alguma pode
significar que todos os membros da congregação possuam , em um grau ou o utro,
o dom da profecia. Isso seria um a contradição com o trecho de I Cor. 12:29. E
também entraria em contradição com a experiência humana sobre essa questão.
«...
um após outro...»,observando a regra que fora baixada contrária à prática em que
vários falavam ao mesmo tempo, assim causando confusão.
(Ver os versículos vinte e sete, vinte
e oito e trinta e dois deste capítulo).
Cada profeta deve esperar por sua vez,
respeitando os direitos que outros profetas têm de ser ouvidos. Isso expressa
um bom senso bem elementar; mas o espírito de ostentação dos crentes de Corinto
levara-os a ignorarem até mesmo o bom senso e a cortesia.
«...
para todos aprenderem...»«A congregação dessa maneira aprenderia mais,
tendo os pregadores a sua oportunidade; e os pregadores igualmente aprenderiam
mais, ouvindo aos outros». (Robertson e Plummer, in loc.).
«O resultado desse pleno exercício do
dom profético seria que todos os membros da comunidade cristã encontrariam
nutrição e satisfação para todas as suas necessidades intelectuais e morais,
resultado esse que não poderia ser obtido se vários profetas falassem todos ao
mesmo tempo». (Kling, in loc.).
«O discurso de um desses profetas poderia
atender às necessidades de alguns ouvintes; e a mensagem de outro profeta se
adaptaria ao caso de outras pessoas. Dessa forma, todos os ouvintes poderiam
receber instrução e consolo». (Hodge, in loc.).
«...
consolados...»,isto é, «encorajados», «exortados», «animados». Esses são os vários
sentidos possíveis da palavra empregada no original grego. (O NOVO TESTAMENTO INTERPRETADO VERSICULO POR VERSICULO - VOL.4. Corintos
a Éfeso - Russell Norman Champlin)
2.2. Todos
devem saber a finalidade?
1
Co 12. 14-20. A ilustração do corpo está desenvolvida nestes versículos, com
ênfase sobre a diversidade dos membros, por causa dos aparentemente inferiores,
que achavam que seus dons não eram importantes. O pensamento chave é: O corpo não é um só membro, mas muitos (v.
14), e os membros foram colocados no
corpo, cada um deles como lhe aprouve (v. 18). Assim, os aparentemente
inferiores não deviam invejar os aparentemente superiores. (Comentário Bíblico Moody – 1 Coríntios)
Ef
4.12 “... aperfeiçoamento dos santos...” (Quanto ao termo santos, que designa
todos os crentes, ver as notas expositivas sobre Rom. 1:7). O próprio termo “santos” implica na necessidade de
possuírem a santidade, o que, na linguagem neotestamentária, indica a
participação na própria santidade de Deus Pai, e isso tanto como uma declaração
forense, por decreto divino e por reconhecimento de sua posição espiritual em
Cristo, quanto como um fato real; pois, sem essa santidade, ninguém será aceito
perante Deus e nem poderá vê-lo (ver Heb. 12:14).
“... aperfeiçoamento...” Uma palavra
perfeitamente comum em outros documentos escritos em grego, mas que aparece
exclusivamente aqui, em todo o N.T. No original, grego encontramos o termo “katartismos”,
que era usado para indicar a correção de ossos partidos, a restauração de algo
ao seu estado primitivo, etc. A raiz dessa palavra é “artios”, que significa “completo”,
“perfeito”, “totalmente adaptado”. A forma verbal, “katartidzo”, significa “restaurar”,
“ajustar’, “pôr em ordem”, “reformar”. Isso subentende o fato de ficarmos
cheios da plenitude de deidade, tal como ela se encontra na pessoa de Cristo,
conforme aprendemos em Col. 2:9,10, uma doutrina extraordinariamente elevada.
Mas esse é o único caminho para a perfeição, pois esta, segundo a sua própria
definição, só pode aplicar-se ao Senhor Deus, pois somente ele é perfeito. É a
mensagem profundíssima do evangelho que essa mesma perfeição é dada aos homens,
de acordo com sua transformação segundo a imagem de Cristo, o qual, na
qualidade de Verbo eterno encarnado, e que se identificou com os homens
eternamente, primeiramente a experimentou em si mesmo, na qualidade de
Deus-homem.
“... para a edificação do corpo de
Cristo...” (Quanto ao conceito da “edificação do corpo de Cristo”, em seu soerguimento,
fortalecimento e aprimoramento, ver as notas expositivas sobre Ef. 2:20-22).
Essa edificação de ordem espiritual faz do corpo místico de Cristo um templo,
habitado pelo Espírito de Deus, porque assim se torna lugar apropriado para sua
residência. Tal como noutros lugares, encontramos aqui, nessa expressão, a
combinação das idéias de edificação de um templo e de desenvolvimento de um
organismo vivo, de tal modo que a edificação é, ao mesmo tempo, o crescimento
de um organismo vivo. Essa mesma combinação aparece no trecho de Ef. 3:17, no
que respeita ao fato da igreja ser ao mesmo tempo “arraigada” (como uma árvore)
e “firmada” (como um edifício levantado sobre seus alicerces). A passagem de I
Ped. 2:5 refere-se a esse templo espiritual como algo composto de “pedras vivas”;
e isso também combina duas metáforas: a do estado de crescimento e de vida de
um organismo e a de um edifício em formação. Ora, os dons ministeriais e
espirituais têm por fito promover o crescimento, o bem-estar e a edificação, ou
seja, o progresso e o desenvolvimento contínuos da igreja. É em tal progresso e
desenvolvimento que a “unidade” será obtida. Tal unidade é em torno de Cristo,
havendo também harmonia de uns com os outros. O crescimento e a edificação se
expressam mediante o “processo de aperfeiçoamento”. (O NOVO TESTAMENTO INTERPRETADO VERSICULO POR VERSICULO - VOL.4. Corintos
a Éfeso - Russell Norman Champlin)
2.3. Todos
devem cuidar uns dos outros
1
Co 14.5 É possível que Paulo tivesse exagerado um pouco, ao depreciar
aparentemente o dom de línguas. E essa possível falsa impressão ele corrige
aqui. O dom de línguas tem o seu devido valor, e ele nada dissera capaz de
diminuir esse valor. Ele tentara fazer os crentes de Corinto perceberem que
eles é que tinham exagerado o seu valor, permitindo que a manifestação desse
dom dominasse as suas reuniões; e o resultado desse domínio é que só se ouviam
línguas incompreensíveis à razão, proferidas aqui e ali, com pouquíssimas
palavras de exortação, de edificação e de consolo, em meio à confusão reinante.
Uma coisa se faz bem clara aqui, o dom
de profecia é superior ao dom de línguas, porquanto a idéia inteira da adoração
comunitária é a edificação da igreja inteira. Naturalmente, se houvesse
intérprete, as línguas ocupariam o mesmo nível de importância da profecia;
pois, nesse caso, visto que todos compreenderiam o que fora dito seria
aproveitado pela comunidade o que falasse em línguas. Contudo, o vigésimo
segundo versículo deste capítulo parece ensinar-nos o fato de que as línguas,
mesmo quando interpretadas, e, por conseguinte, compreendidas, pelo menos no
conceito de Paulo, ocupavam posição inferior à profecia. (Ver as notas
expositivas sobre o citado versículo).
“...
é superior...” Literalmente traduzidas do original grego, essas palavras seriam “é
maior”. E isso porque aquele que profetiza fá-lo para ajudar a igreja inteira,
nos termos descritos no terceiro versículo deste capítulo. O profeta é maior
porque o seu dom espiritual segue mais de perto o grande ideal do amor, o qual
se mostra sempre altruísta. O profeta é maior porque é maior aquele que é o
servo de todos, no dizer de Marc. 9:35.
“...
salvo se as interpretar...” Essas palavras subentendem que aquele que fala em
línguas também recebeu o dom de interpretação. Mas essa declaração se aplicaria
também no caso de outro ser o intérprete, e não o mesmo crente que fala em
línguas. (Ver também I Cor. 12:10 e a introdução a esse décimo segundo
capítulo, quanto a uma discussão acerca desse dom de “interpretação de línguas”).
A interpretação, às vezes, era possuída pelo próprio indivíduo que falava em
línguas; e, de outras vezes, era outro que possuía esse dom, conforme ficam
subentendido nos versículos vigésimo sétimo e vigésimo oitavo deste capítulo.
“Esta passagem prova que o conteúdo
desses discursos, feitos em línguas estranhas, eram edificantes; por
conseguinte, não consistiam em mistérios, no mau sentido do termo, isto é, na
forma de enigmas e declarações obscuras”. (Hodge, in loc.).
O desejo expresso por Paulo, no
sentido de que todos os crentes falem em línguas, mostra-nos que esse apóstolo
não depreciava tal dom; e também comprova que ele não escreveu estas instruções
acerca do uso das línguas a fim de limitá-las, por ter sentido invejados que
assim faziam, conforme alguns dos crentes coríntios poderiam erroneamente
supor. O décimo oitavo versículo deste mesmo capítulo diz que Paulo falava em
línguas mais do que todos os outros, e isso mostra que não havia razão dele ter
inveja dos que assim faziam, visto que empregava livremente esse dom. Pelo contrário,
Paulo escreveu estas palavras com o propósito de estabelecer aquilo que é
melhor para a comunidade cristã, e não meramente a fim de expressar uma opinião
acerca do valor comparativo dos dons espirituais. (O NOVO TESTAMENTO INTERPRETADO VERSICULO POR VERSICULO - VOL.4. Corintos
a Éfeso - Russell Norman Champlin)
Embora Paulo julgue o dom da profecia
superior em valor ao dom de línguas, ele modera sua própria avaliação com a expressão
a não ser que. Paulo escreve “a não ser que ele a interprete, para que a igreja
possa ser edificada”. Ele diz que o falar em línguas é aceitável, contanto que
quem fala interprete sua mensagem. Ele não está dizendo que os profetas são os
intérpretes.
Na verdade, pelo próprio capítulo não
conseguimos saber quem são esses intérpretes. Num capítulo anterior Paulo havia
mencionado tanto o dom de línguas como o dom de interpretação, e declarou que
Deus concede esses dons a vários grupos de pessoas (12.28-31). O ponto que
Paulo quer esclarecer é que, falar em línguas, quando interpretado, tem valor
porque edifica os membros da igreja.
Paulo compara o profeta com aquele que
fala em línguas e considera o profeta o maior dos dois. E qual é o sentido do
adjetivo maior?
O mesmo adjetivo aparece em 12.31,
onde Paulo escreve: “Mas ansiosamente desejem os dons maiores”. No último
versículo do capítulo 12, entretanto, o apóstolo deixa de indicar quais são
esses dons maiores. E, no presente texto, Paulo emprega o adjetivo maior somente
para comparar o falar em línguas com profetizar. O próprio texto parece comunicar
nada mais que uma mera comparação. Com respeito à comunicação eficaz que seja
benéfica para o povo de Deus, não o profeta, mas as palavras do profeta são
maiores porque edificam a comunidade cristã. E quando a congregação é edificada,
então o princípio básico do amor prevalece.
Será que Paulo coloca a glossolalia
interpretada no mesmo nível das palavras de um profeta? No Pentecoste (At
2.1-12), falar em lín-guas e pregar eram idênticos. Mas, em Atos, não lemos em
nenhum lugar que havia a necessidade de intérpretes para traduzir as mensagens.
Presumimos que na cidade cosmopolita de Corinto, para onde pessoas iam, vindas
de muitos países, numerosas línguas eram faladas.
Também, alguns coríntios falavam em
línguas e podem ter seguido a prática que talvez se tenha originado nos
ambientes pagãos de onde os coríntios tinham vindo. Depois de sua conversão ao
Cristianismo, não viam a diferença entre sua experiência de êxtase dos
ambientes pagãos e o poder do Espírito Santo operando dentro da comunidade
cristã.
Paulo não proíbe que falem em línguas
(v. 39); ele quer que sejam receptivos a esse dom provindo do Espírito Santo e
que o usem para edificar a igreja no contexto do amor. (Comentário do Novo Testamento - 1 Coríntios - Simon Kistemaker)
3.
Ética na palavra prófetica
No tópico anterior, de certa maneira, já
introduzimos este assunto, mas que em virtude da necessidade e ênfase bíblica
precisamos penetrar em outros detalhes dele. Seja alguém na assembleia local ou
um ministro que profetize há critérios éticos que devem ser observados, afim de
impedir desordens e até indecências.
3.1. Procurando
manifestar a presença de Deus
1
Co 14. 24,25 - Completamente diversa é a situação quando toda a igreja “fala profeticamente”. Agora Paulo antepõe
enfaticamente, aos visitantes que entram o “incrédulo”. Porque nesse momento
acontece algo precioso. Até a pessoa que até então rejeitava a fé “é por todos
convencida, por todos julgada, tornam-se-lhe manifestos os segredos do coração,
e, assim, prostrando-se com a face na terra, adorará a Deus, testemunhando que
Deus está de fato em (ou: entre) vós”. Paulo imagina o “falar profético” não
como um sem-número de misteriosos oráculos proféticos e visões extáticas do
futuro. Isso jamais teria exercido o impacto sobre o “incrédulo”, descrito por
Paulo. Os que “falam profeticamente” falam também agora “com seu entendimento” e
eles proferem “edificação, exortação e consolo” (v. 3). Fazem-no “com” sua
razão e por isso em linguagem simples e inteligível. Não o fazem “a partir” de
sua razão, mas a partir do Espírito Santo e sob a condução do Espírito. É por
essa razão que o fazem de tal modo que o visitante seja atingido na consciência
e ele veja seu íntimo descoberto e revelado, ficando diante da onipresença de
Deus. Com certeza Paulo não imagina isso de tal forma que toda a igreja que
profetiza “ataca” os dois visitantes com suas falas. Pelo contrário, a igreja
realiza sua reunião para sua própria edificação. Porém, “falando todos
profeticamente” acontece sem intenção deles e sem seu conhecimento e
determinação diretos, que tudo o que é dito atinja o coração dos visitantes
estranhos, levando a se prostrarem perante Deus. Agora compreendemos porque
Paulo considera esse “falar profético” o dom mais importante e precioso do
Espírito Santo. Unicamente esse dom é capaz de vencer os indoutos e até
incrédulos, conquistando-os para Deus, acrescentando-os à igreja e “edificando”
nesse sentido peculiar a igreja.
Justamente esse dom da graça do
Espírito, por ser imprescindível, também foi preservado para a igreja em todos
os tempos. Ainda que outros dons impressionantes, como cura de enfermos e falar
em línguas, tenham retrocedido muito ou quase tenham desaparecido, a igreja
constantemente e em todos os lugares teve homens e mulheres com “falar
profético”. Por essa razão também sempre aconteceu, sob as mais diversas
circunstâncias e das maneiras mais multiformes, aquilo que Paulo nos descreve
nos presentes versículos. Debaixo da
palavra conduzida pelo Espírito houve pessoas que se descobriam escrutinadas
até nas coisas mais ocultas de seu coração e sua vida e expostas à luz,
experimentando a presença do Deus onisciente no Espírito Santo e chegando à fé.
Ao referir o testemunho do visitante
interiormente vencido: “Deus está, de fato, em vós, no meio de vós” Paulo tinha
em mente, involuntária ou muito conscientemente, textos bíblicos como 1Rs
18.39; Dn 2.47; Is 45.14; Zc 8.23. O que naquele tempo acontecia em episódios
especiais repete-se agora, quando o Espírito está presente com seus dons, na
igreja de Jesus. Nela isso se torna praticamente normal. Quando “todos”
profetizam, acontece aquilo que Paulo descreve, podendo acontecer dessa forma
diariamente. (Comentário 1 Coríntios -
Esperança - Werner de Boor)
v.
32 No grego, a expressão o espírito dos profetas não tem os
artigos definidos antes dos substantivos (mas ver Ap 22.6). No presente texto, a
expressão provavelmente significa “os dons espirituais” dos profetas ou as
“manifestações do Espírito” (ver v. 12). A primeira interpretação se harmoniza
com a ordem anterior de Paulo: “esforcem-se diligentemente pelos dons
espirituais” (v. 1). E a segunda explicação significa que nenhum profeta pode
dizer que ele perde o controle de si quando recebe uma revelação. Cada pessoa
que profetiza tem pleno controle de seus sentidos. Ninguém pode dizer que o
Espírito Santo prevalece sobre a vontade do profeta de forma que o profeta aja
contra sua própria volição. De fato, diz Paulo, Deus é um Deus não de desordem,
e sim de paz. Deus não causa confusão, pois ele espera que o profeta mantenha a
ordem controlando-se e também aos outros no culto. Na presença de Deus, todos
os adoradores devem estar em paz uns com os outros. (Comentário do Novo Testamento - 1 Coríntios - Simon Kistemaker)
3.2. Mantendo
a ordem no culto
a.
Profetas. “E que dois ou três profetas falem.” Essa é a primeira vez que
Paulo usa o substantivo profetas nesse capítulo (ver 12. 28,29; 14. 32,37).
Nesse capítulo, ele usa repetidamente o verbo cognato profetizar, que em grego
sempre aparece no tempo presente ou do indicativo, subjuntivo, particípio ou
infinitivo (ver o comentário sobre 13. 9,10). Com o uso invariável do tempo
presente, Paulo tem em mente mais a pregação regular e o ensino da Bíblia do
que uma declaração profética ocasional. O que os profetas proclamam? Escreve
Herman Ridderbos: “Os profetas são os proclamadores impelidos pelo Espírito que
proclamam a Palavra de Deus à igreja, que descortinam o plano da redenção de Deus
em Cristo num sentido pastoral e paraenético”. E qual é o objetivo da profecia?
Paulo ensina que em Corinto a profecia é para edificar, encorajar e consolar os
membros da comunidade cristã (v. 3). A mensagem das pessoas que profetizam deve
estar em harmonia com a Palavra de Deus revelada ou provir dela. Se uma
mensagem quer na forma de pregação e ensino ou como pronunciamento espontâneo,
en-trar em conflito com os ensinos das Escrituras, ela não vem do Senhor. O
profeta que pronuncia a frase “isto é o que o Senhor diz”, mas deixa de
transmitir a Palavra de Deus, está falando não por Deus, mas por si mesmo. Ele
é fraudulento e representa erradamente o Senhor. Na verdade, os falsos profetas
nos dias do Antigo Testamento arriscavam sua vida quando pronunciavam mentiras
(comparar com Dt 13.1-5).
b.
Avaliação. “E que os outros façam a avaliação.” Quem são aqueles a quem se
pede que julguem a pregação e ensino da Palavra? Alguns comentaristas acham que
os demais profetas devem avaliar a profecia (ver v. 32, e 12.10). Outros são de
opinião que os ouvintes, isto é, os membros da igreja, devam avaliar e ponderar
a mensagem que é entregue (comparar com o v. 31). Muito se pode dizer a favor
de qualquer uma das duas posições, mas o contexto todo parece indicar que os
membros que ouvem as profecias devem ser os que fazem avaliação a respeito da
palavra falada. Se as igrejas nos lares acomodavam no máximo trinta pessoas, a
proporção de profetas numa dada congregação seria alta. Outros membros
participavam em avaliar as mensagens.
Qual é o padrão pelo qual os ouvintes
julgam as palavras de quem fala? Eles devem avaliar a mensagem do preletor de
acordo com a Palavra de Deus. Como os bereanos examinavam as Escrituras todos os
dias para ver se o ensino de Paulo estava em harmonia com a revelação de Deus
(At 17.11; ver também 1Ts 5.21, Didache11.7 para exemplos semelhantes), assim
eles deve pesar as palavras do profeta. Em outro lugar, Paulo exorta os crentes
a que deixem a palavra de Cristo habitar neles ricamente (Cl 3.16); no ensino e
na admoestação mútua, que as Escrituras sirvam como o padrão.
c.
Revelação. “Mas se uma revelação vem a outro que está sentado, que o primeiro
fique calado.” Essa sentença é interessante, pois declara que o preletor pode
ser interrompido e silenciado quando alguém que está sentado recebe uma revelação.
Paulo diz literalmente que “é revelado para outro que está sentado”, e em
seguida dá instruções para um procedimento ordeiro. Mas o que ele quer dizer
com o termo revelação? J. I. Packer deduz que “uma ‘revelação’ profética era uma
aplicação da verdade sugerida por Deus que em termos gerais já fora revelada,
em contraste com um esclarecimento ou revelação de pensamentos e intenções
divinas não pré-conhecidas e não discerníveis por outro meio” A aplicação da
Palavra de Deus que é revelada para uma pessoa sentada no auditório não pode
ser colocada no mesmo nível da Escritura; falta-lhe a autoridade absoluta com a
qual Deus distinguiu sua Palavra. No entanto, quando uma pessoa que recebe tal revelação
a torna conhecida aos irmãos crentes, eles por sua vez devem sujeitar essa
revelação aos ensinos autorizados das Escrituras. Além do mais, se uma pessoa
recebe uma revelação na forma de uma predição, esse pronunciamento também
precisa ser pesado e avaliado com base na Palavra de Deus.
d.
Sequência. “Pois todos vocês podem profetizar um por um.” Paulo está dando
orientações sobre o culto ordeiro; ele não diz que em qualquer culto todos têm
a oportunidade de falar. Isso seria uma contradição flagrante à insistência de
Paulo sobre a conduta ordenada. Com seu preceito de que dois ou três profetas
podem se dirigir ao auditório, ele dá a entender que, no passar do tempo, cada
membro da igreja poderá profetizar. O Espírito de Deus não só está no controle
da profecia, mas também dá a certos membros esse dom específico a seu próprio
tempo. O Espírito determina quando um profeta já teve tempo suficiente e
precisa ceder seu lugar a outra pessoa.
e.
Benefícios. “Para que todos possam aprender e todos serem incentivados.” Ao
longo de todo esse capítulo especificamente, Paulo repete o conceito edificar,
embora com palavras diferentes. Aqui ele diz que a pessoa que profetiza deve
fazer isso de modo que todos possam aprender “conversando, perguntando,
falando, escutando”. E, em segundo lugar, ele observa que todos podem receber encorajamento
pela palavra profética (v. 3). (Comentário
do Novo Testamento - 1 Coríntios - Simon Kistemaker)
29,31 A compreensão
da frase seguinte não é fácil. Parece haver uma contradição entre a ordem de
que “profetas devem falar apenas dois ou
três” e a asserção “todos podereis
falar profeticamente, um após outro” [tradução do autor]. A contradição
somente se soluciona se considerarmos os “profetas” como pessoas distintas dos
membros da igreja que “falam profeticamente”. Em vista desse “falar profético”
Paulo podia conceber como uma situação desejada que “todos profetizem”, incentivando por isto os membros da igreja
irrestritamente a buscar o dom do “falar profético”. Nesse caso não pode deixar
que apenas dois ou três fizesse uso da palavra. Não, evidentemente existem “profetas”
num sentido próprio, que por isso também aparecem na listagem de 1Co 12.28 como
permanentemente incumbidos. Desse grupo definido, dois ou três devem usar da
palavra em cada reunião da igreja. Reparamos na diferença entre os v. 27 e 29.
Sobre o falar em línguas e sua manifestação Paulo fala apenas de maneira
condicional: “No caso de alguém falar em
línguas” e se houver a presença de um intérprete. Essas condições não
ocorrem nos “profetas”. Eles foram concedidos à igreja com toda a certeza,
motivo pelo qual estão presentes e “devem”
falar. Obviamente também deles falem apenas dois ou três, “e os outros julguem (o que é dito)”. Na palavra “outros” pensamos em primeiro lugar em todos os
demais “profetas”, além daquele que está falando no momento; são especialmente
convocados para um julgamento assim. 1Ts 5.20s revela, porém, que Paulo
considera a igreja toda fundamentalmente autorizada e comprometida, pelo
Espírito Santo que nela habita, a “examinar” os profetas e suas afirmações.
Por consequência, é possível que
também na presente passagem Paulo entenda por “outros” os membros da igreja em
si. Nessa instrução não é mencionado o dom especial do “discernimento dos
espíritos”. Tudo está sendo visto de maneira bastante livre e viva, sem uma
fixação sistemática. (Comentário 1
Coríntios - Esperança - Werner de Boor)
40 A exigência
incondicional é que nada aconteça em confusão descontrolada e que não se atue
de forma egoísta e sem amor, mas que “tudo
seja feito com decência e (boa)
ordem”. Isso, porém, também já é o bastante. O apóstolo não prescreve uma “ordem”
determinada, que seria a única correta por motivos dogmáticos ou litúrgicos.
Vale a livre atuação de Deus pelo Espírito Santo. Como ele poderia ser
capturado em ordens prescritas? Com toda a certeza, porém, “o Deus da paz”
deseja conduta conveniente e boa ordem.
Tudo que é desregrado, descontrolado e
impulsivo é caracterizado de antemão como não divino. Na frase final do grande
bloco destaca-se mais uma vez o que ficou explícito para nós acima, p. 228s,
sobre a importância abrangente da decisão de Paulo na questão dos dons do
Espírito. (Comentário 1 Coríntios -
Esperança - Werner de Boor)
3.3. A
humildade dos que profetizam
As Raízes Da Confusão
1. Quando os
homens substituem a edificação espiritual pelos interesses próprios e pela
ostentação, necessariamente passa a imperar a confusão espiritual, em
resultado. Isso foi o que aconteceu em Corinto.
2. Um homem
qualquer falava em línguas, profetizava e tomava o tempo restante com sermões longos
e supostamente piedosos, não permitindo a p a rtic ip a ç ã o de outros. Esse
indivíduo estava servindo a si mesmo, procurando o louvor e o reconhecimento
alheios, como se fora o ator de um teatro. Isso é confusão, e não edificação!
3. A simulação
dos dons espirituais (pois quem diria que o Espírito Santo é quem inspirava o
que aquelas pessoas faziam?) achava-se na raiz da confusão que imperava na
igreja de Corinto.
Imaturidade Espiritual
1. A
imaturidade espiritual se evidencia no egoísmo (ver Rom. 15:1), pois o amor é a
verdadeira medida de nossa maturidade. Estás servindo a ti mesmo mais
diligentemente do que ao próximo? Nesse caso, é um crente espiritualmente
imaturo. A tua maturidade pode ser aquilatada pelo quanto serves aos outros.
2. Os crentes
de Corinto demonstravam sua imaturidade ao transformarem a igreja em um teatro,
onde os dons espirituais entravam em competição uns com os outros. Isso era
destrutivo para a unidade e a paz, e, por conseguinte, para o desenvolvimento
espiritual.
3. Os crentes
coríntios, em surpreendente ausência de santificação, demonstravam a sua
imaturidade quando, o tempo todo, se vangloriavam de seu grande avanço. (O NOVO TESTAMENTO INTERPRETADO VERSICULO
POR VERSICULO - VOL.4. Corintos a Éfeso - Russell Norman Champlin)
Rm 12.6 “... segundo a proporção da fé...” Visto que
essa expressão é um tanto obscura, tem ela recebido certa variedade de
interpretações, com o segue:
1. Alguns
pensam que se trata da fé subjetiva. Diz Tholuck (irt lo c .): «O profeta se
mantém dentro dos limites de seu dom profético, que lhe é atribuído pela sua
individualidade». Essa interpretação inclui igualmente a idéia de sua própria
«receptividade», ou seja, com o ele se entrega para se instrumento para o
exercício de seu dom. Cada homem tem certo desenvolvimento em sua
espiritualidade. Portanto, cada qual exerce o seu dom de conformidade com seu
desenvolvimento espiritual, e isso de conformidade com a sua «proporção da fé»,
ou seja, com a proporção de seu desenvolvimento espiritual, no que diz respeito
à função de seu ofício.
Ainda um a
subcategoria dessa fé subjetiva é aquela idéia que diz que, para cada qual Deus
tem determinado certa medida da «graça» da «fé», ou seja, da dotação
espiritual, em que cada indivíduo labora de conformidade com a mesma. Isso
concorda com o terceiro versículo deste capítulo, bem como com a idéia geral de
havermos recebido alguma medida da «graça», que nos capacita a ministrar,
devendo ser reputada como parte da idéia aqui tencionada. Não obstante, essa
«graça» não se mostrará eficaz a menos que seja exercida com fé pessoal, e de
acordo com o desenvolvimento espiritual do indivíduo, que depende do princípio
da fé. Por essa razão é que disse Meyer (in loc.)׳. «...de acordo com a força, a clareza,
o fervor e outras qualidades da fé que lhes tiver sido outorgada ; de tal modo
que o caráter e o modo de falar se conformem com as regras e os limites que são
subentendidos na proporção de seu grau individual de fé».
2. Outros
estudiosos preferem pensar na é objetiva, isto é, pensar haver aqui alusão à
regra das Escrituras ou revelação divina, a regra ou padrão de doutrina cristã,
que é a autoridade seguida pela igreja cristã, dependendo do ponto de vista do
intérprete. Essa seria a «analogia fidei», ou seja, o padrão de revelação,
especialmente aquele exibido nas Sagradas Escrituras.
E isso
significa, por sua vez, que as profecias transmitidas por meio de quem quer que
seja devem conformar-se a esse padrão, não ultrapassando do mesmo. Paulo realmente apelou para certos cânones fundamentais
da verdade, se não mesmo a confissões eclesiásticas formais, aplicadas às
doutrinas neo-testamentárias; e com frequência esse apóstolo citava o A.T. como
documento autoritativo. (Quanto aos «cânones fundamentais da verdade, segundo
Paulo», ver as notas expositivas sobre Gl. 1:8; 6:16; Fl. 3 :1 6 ; II Tm . 3 :1
5 ,1 6 ). Não obstante, não podemos incluir aqui a «autoridade eclesiástica»,
ou mesmo algum cânon de fé estabelecido pelo homem no N.T., conforme alguns
intérpretes de tendências mais eclesiásticas gostariam de fazer-nos crer,
porque, ao tempo em que Paulo assim escreveu, não havia essa autoridade
estabelecida no seio da igreja neo-testamentária, além do fato que o cânon do N.T. estava longe de ficar completo. (O NOVO TESTAMENTO INTERPRETADO VERSICULO
POR VERSICULO - VOL.3. Atos a Romanos - Russell Norman Champlin)
CONCLUSÃO
Todos
devem buscar com zelo o dom de profetizar, posto que pela graça tal
manifestação é amplamente acessível aos membros do corpo de Cristo. Enquanto a
Igreja estiver neste mundo, ela manifestará a sabedoria de Deus através dos
dons que poderão ser exercidos por fé e pela manifestação que for concedida a
cada um para proveito geral.
Fontes:
Bíblia Sagrada – Concordância, Dicionário e Harpa - Editora Betel,
Revista: VIDA CRISTÃ
VITORIOSA – Editora Betel - 1º Trimestre 2013 – Lição 06.
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